30 de junho de 2015

Slingando Recém Nascidos - Nova Web Série da Sampa Sling

É com muito orgulho que anunciamos o primeiro capítulo da Web Série Slingando Recém Nascidos!

"A ideia é capturar os detalhes do desenvolvimento de um bebê desde os primeiros dias, e como cada carregador e amarração pode ser mais adequado para a prática do Slingar" - comentou a Rosângela Alves, a mãe da Sampa Sling, que além de empresária da marca é consultora em carregadores de pano e vem trazendo o costume ancestral de carregar bebês no colo para dentro da realidade de cada vez mais famílias.

Julia, a personagem principal da série, é sobrinha da Rosângela, e nesse vídeo está com 15 dias. No primeiro capítulo, a Rosângela fala um pouco das aflições de se colocar um recém nascido no sling e mostra duas posições práticas e seguras para bebês dessa fase no modelo de carregador mais versátil que existe: o Sling de Argolas!



No próximo episódio, você verá como a Julia ficou dentro do Sampa Wrap!

23 de junho de 2015

Os 4 Maiores Mitos do Sono desmistificados!

"Ele é um bebê bonzinho?"

Texto original de Belly Belly
Em tradução livre pela Sampa Sling

Esta deve ser a pergunta mais frequentemente feita aos pais de bebês novinhos....
A crença popular de que "bebês bonzinhos'' dormem bem e ''bebês difíceis'' não dormem bem está firmemente arraigada na cultura ocidental. Tão grande é a pressão para provar que nós e nossos bebês estamos fazendo a coisa certa, que um terço dos pais admite ter mentido sobre os hábitos de sono dos seus bebês. Então - vamos cair na real sobre bebês e sono. O que é normal, afinal? Aqui estão quatro mitos do sono do bebê que foram respondidas com verdades, na esperança de que eles vão lhe trazer mais paz de espírito:


Robert Schiffe, New Baby


Mito do Sono #1: Na minha época ... (Insira um conselho desatualizado aqui)

Em 1957, uma pesquisa sugeriu que 70% dos bebês começou a dormir durante a noite aos três meses de idade. Você provavelmente já ouviu isso por muitas gerações passadas de mães, vovós, profissionais de saúde e outras pessoas que passaram essa informação como fato por quase 60 anos. Mas aqui está o que deixaram de fora sobre o mito do sono do bebê:
  • Dormir durante a noite foi definida como ''não perturbar os pais da meia noite ás 5 da manhã". 
  • Embora 30% dos bebês não estivessem 'dormindo bem' aos 3 meses, a informação foi mal interpretada ao sugerir que todos os bebês eram capazes disso e, portanto, deveriam estar fazendo isso. 
  • Embora os bebês foram relatados como estarem 'dormindo bem aos 3 meses', metade deles voltaram a acordar novamente 
  • Na época do estudo, a maioria dos bebês foram alimentados com fórmula, suplementado com cereal de arroz e outros sólidos muito mais cedo e dormiam em um quarto separado dos pais. Nós sabemos agora que estas coisas aumentam o risco de morte súbita.

Mary Cassat, Mãe Amamentando

Mito do Sono #2: Seu bebê precisa aprender a dormir sozinho

Dr James McKenna chama de "bebês idade da pedra em um mundo era espacial". Apesar do grande avanço da ciência e da tecnologia na história moderna, nossos corpos - e os dos nossos bebês - permanecem inalterados.

Os bebês são projetados para se sentirem seguros próximos a sua mãe, dia e noite, perto de seu corpo. Predadores, meio ambiente e outros fatores tornam o mundo um lugar inseguro para uma criança desprotegida. Hoje, tanto quanto no passado, bebês em todo o mundo se sentem mais seguros para dormir ao lado de sua mãe. Compartilhar uma superfície de sono (de cama compartilhada) ou dentro de do alcance dos braços (co-sleeping) ainda são as formas naturais para mães e bebês passarem a noite.

Aqueles que dizem que a cama compartilhada (ou o co-sleeping) é perigosa, precisam perceber que não importa onde um bebê dorme, há práticas inseguras a evitar. Existem também orientações de segurança para evitar acidentes e danos.

Quando olhamos para a amamentação como uma forma natural para os bebês se alimentarem, podemos também olhar para os seus padrões de sono como a maneira normal de dormir. Pesquisas mostram claramente uma ligação entre a cama compartilhada e a amamentação bem sucedida. No Reino Unido, 70-80% das mães que amamentam também compartilham a cama com o bebê.

Professor James J. McKenna descobriu que bebês com idade entre 11-15 semanas que dormem dentro alcance de sua mãe, são amamentados duas vezes mais que os bebês em seu próprio berço. Ao invés de ver isso como um lado negativo de amamentação ou co-sleeping, podemos ver que um compartilhamento de cama com segurança, pode ajudar as mães a atender seus objetivos de amamentação e permitir que os bebês estabeleçam e mantenham a produção de leite.


Maurice Denis, Bernadete e sua Mãe


Mito do Sono # 3: Seu bebê já deveria estar dormindo a noite toda! Acordar durante a noite continua durante todo o primeiro ano - e além.

Uma nova pesquisa do Reino Unido mostra claramente que 78% dos bebês entre 6 - 12 meses ainda regularmente acorda pelo menos uma vez no meio da noite, sendo que 61% necessitam de pelo menos uma mamada durante a noite. Dra. Amy Brown, diretora de programa para o mestrado ''Child Public Health'' que liderou o estudo, disse: "Os resultados são muito interessantes pois eles ... desafiam a idéia de que os bebês devem dormir durante a noite, logo em algumas semanas."  Você não está fazendo nada de errado se seu bebê continua a acordar à noite para se alimentar no segundo ano - na verdade, seu bebê é normal.



Christian Krogg, Mãe dormindo


Mito do Sono # 4: Alimentos sólidos e / ou fórmula vão corrigir problemas de sono do seu bebê

O estudo também derrubou o mito de que sólidos na alimentação ou complementação com fórmula ajudam o bebê a dormir à noite. Na verdade, os pesquisadores descobriram que os bebês alimentados com sólidos e leite durante o dia ainda tinham a mesma probabilidade de acordar à noite, mas menor probabilidade de serem alimentados.

Alimentar o bebê em excesso durante o dia, em um esforço para fazê-lo acordar menos à noite não funciona. Há muitas razões pelas quais bebês acordam à noite, a fome é apenas um. Incentivar os bebês a comer mais do que eles precisam só pode torná-los desconfortavelmente cheios e pode aumentar a obesidade na vida adulta.


Ao invés de manter o mito de que acordar durante a noite é um problema a curto prazo para ser resolvido o mais rapidamente possível, precisamos apoiar e preparar melhor os pais para entenderem que os bebês e as crianças pequenas precisam dos pais durante o dia E durante a noite. Ao criar uma cultura onde os pais escondem a verdade por medo de julgamento, nós perpetuamos esse mito e limitamos o apoio prático disponível para ajudá-los a lidar com isso.



16 de junho de 2015

Pernas para dentro, pernas para fora: sobre slingar recém nascidos

Uma das formas mais divulgadas de amarrar um recém nascido no sling, é a posição sapinho. Essa que você vê na foto:



Na posição sapinho, o bebê está como ficava no útero. Enrolado em posição fetal, a coluna está arqueada e as pernas estão naturalmente posicionadas em "M", ou seja, com seus joelhos na altura do quadril e pernas posicionadas lateralmente. A posição das pernas do bebê é extremamente importante não apenas para a segurança da amarração - pois dessa forma o carregador está travado abaixo do corpo, não permitindo que o bebê passe por ele e se acidente - como também para o desenvolvimento anatômico das pernas, coluna e quadril. A cabeça do bebê está para fora do pano, normalmente apoiada nos braços e mãos que o próprio bebê posiciona, como fazia na barriga.


A amarração em posição sapinho também acontece em outros modelos de carregador, como o de argola. E naturalmente não ocorre nos modelos estruturados, como o mei tai e as mochilas, sabidamente indicados apenas para bebês que sentam. Muito embora, indústrias de carregadores estruturadas como a Ergo Baby, ofereçam acessórios para seu uso com bebês recém nascidos, garantindo que eles não fiquem sentados nos carregadores, e favorecendo a posição "M" das pernas. 






Porém, há alguns anos, consultoras de carregadores e coletivos que estudam o assunto vem recomendando uma forma de amarração que coloca as perninhas do bebê, mesmo recém nascido, para fora, criando um assento com o tecido e promovendo uma abertura maior das pernas do que aquela que vemos no sapinho, além de fixar o ponto de tensão do pano nas dobra do joelho, coisa que não acontece no sapinho.

Ainda que as duas posições lembrem o formato da perninha do sapo e ambas tenham a premissa básica de que os joelhos do bebê estão na altura do quadril e sua anatomia natural é respeitada, no mundo do babywearing essa segunda posição foi batizada de posição cócoras. Como você vê na foto:




Colocando as coisas no contexto do Brasil


Estamos traduzindo livremente as nomenclaturas originais, do inglês. Mais adiante no texto você verá que a suposta polêmica entre amarrar as pernas do bebê para dentro ou para fora está também centrada em questões semânticas. No inglês, "froggied leg" está traduzido nesse texto para "sapinho". E a posição "cócoras" vem de "squatting straddle position", que literalmente significa "posição em cócoras arreganhadas". Os textos em inglês ainda usam uma terceira terminologia "spread squat" que em livre tradução seria "agachamento aberto" e potencialmente se refere ao "M position of the legs" ou "posição M das pernas" > que se aplica ao sapinho e ao cócoras, igualmente, nitidamente.

O babywearing é ainda incipiente no Brasil dito civilizado, a instauração da prática de levar o próprio filho no colo é coisa da última década, muito embora nossos habitantes originais nunca tenham abandonado a cultura milenar de carregar as crias, mais comumente em tipóias, à despeito do que institucionalizam as pesquisas e manuais técnicos sobre o tema. Isso para confirmar que estamos de frente a dados europeus, australianos e norte americanos, que felizemente (ou nem sempre) se apoiam na ciência e na tecnologia para teorizar sobre as coisas mais intuitivas da vida. Como colo.



Nesse prisma, algumas correntes do babywearing, apoiadas nas pesquisas das instituições do exterior que estudam a displasia de quadril, tem insistido enfaticamente que a posição sapinho seria prejudicial, e até mesmo proibida, para slingar um bebê. Como é tendência na europa, temos visto muitas consultoras em busca de espaço em um supostamente restrito nicho de mercado, praticando o babywearing tecnocrata: aquele que se apoia exclusivamente no livro de regras da ciência para dizer às mães como é o jeito certo de levar seus filhos no colo.

Claro está que existem normas de segurança para carregar um bebê. Mesmo sem nenhum carregador, alguém que leva um bebê no colo, intuitivamente opera sob princípios básicos de segurança. Apoiamos suas cabeças e alertamos os menos experientes quando vão pegá-los para que façam o mesmo. Sentimos seu equilíbrio e ajeitamos os filhos sobre as ancas. Nos cansamos e mudamos de lado. Eles se cansam, e deitam para mamar. Sem nenhum modelo de carregador, mães e bebês se entendem no colo. 




O tempo atua sobre nossos corpos e de nossos filhos. Estruturados, naturalmente suas pernas se encaixam nas mães. Que se slingando, vão descobrindo novas formas de dividir o peso, equilibrar as tensões e continuar suas práticas de afeto e rotina.

Tudo isso para dizer que defendemos que Slingar, assim como carregar no colo, é uma atividade dinâmica, simbiótica e também intuitiva. E não um conjunto de regras de segurança normativa que contemplam apenas o que as pesquisas dos institutos de displasia do quadril revelam. Mesmo assim, na intenção de aprender sempre, e melhorar as práticas de nossas consultorias, fomos pesquisar os pontos científicos que estão relacionados ao debate das "pernas para dentro ou para fora"

O que é importante saber sobre o debate


"Eu também pude ajudar" é o nome do livro do cirurgião ortopédico alemão, Ewald Feitweiss, que conta sua trajetória em descobrir tratamentos para a displasia de quadril. Seguidor de um outro cirurgião, Dr. Lorenz, autor de "Eu pude ajudar", outro título também sobre displasia, Dr. Feitweiss foi bem sucedido em proporcionar que as crianças que tem displasia de quadril pudessem ser tratadas fora do hospital. Feitweiss aprimorou o tipo de imobilização praticado por Lorenz. A imobilização de Lorenz (1898), conhecida como "froggied legs" - ou perninha de sapo - obteve menos sucesso para tratamento da displasia de quadril do que a evolução de Feitweiss (1968), conhecida por "squatting"- ou cócoras - que além de maiores taxas de sucesso para o tratamento da displasia de quadril, é mais tolerável para as crianças portadoras da doença, que precisavam ficar imobilizadas por 8 semanas ou mais.

Logo, a preferência pela posição cócoras que é cientificamente respaldada está relacionada à imobilização do bebê para tratamento de displasia de quadril, e não sugere que o bebê carregado em um sling na posição sapinho, que leva o mesmo nome da imobilização de Lorenz, mas não atua na mesma finalidade, corre riscos de saúde, de acordo com Dr. Feitweiss.

"O ser humano é fisiologicamente prematuro no nascimento. O esqueleto de um recém nascido é majoritariamente cartilaginoso. A posição "squatting spread" (cócoras abertas) é mais favorável. Uma pista disso é, por exemplo, as populações onde bebês são carregados em um wrap, amarrados à mãe. Os índices de displasia de quadril nessas populações é perto de zero. Quando as crianças estão no wrap, suas pernas estão à 90º para cima da articulação do quadril ou mais, e moderadamente abertas, evitando que a perna seja esticada para baixo. Portanto, os músculos pivotantes empurram a articulação circular do quadril, criando pressão hidrostática, que suporta o desenvolvimento ósseo correto da região." Dr. Feitweiss

Assim, a posição natural das pernas do recém nascido precisa ser respeitada, e qualquer posição de amarração dentro de um carregador que force suas articulações - seja no excesso de abertura da posição "M" ou no estiramento das pernas do bebê (caso de um posicionamento deitado, que ocorre também comumente em técnicas mais antigas do conhecido "charuto") - está relacionada ao aumento dos índices de displasia do quadril.





Percebemos que os apontamentos que acendem a discussão "pernas para dentro X pernas para fora" são baseadas em práticas de amarração de diversas organizações, fabricantes de carregadores e mães ao redor do mundo interessados em aprofundar-se nas posições ideais para o carregamento de bebês. Você encontrará informações diretivas sobre a o favorecimento das pernas para fora em iniciativas como:


E encontrará também informações diretivas que pontuam apenas da necessidade de respeitar a maturação fisiológica da coluna (formato "C") - com leve inclinação em qualquer posição de amarração, favorecendo inclusive carregamentos horizontais.


Encontrará ainda, informações que suportam o uso da posição "sapinho" das pernas para todos os bebês que não tem amplitude o suficiente para o "cócoras" aberto, bem como informações que ignoram a complicação semântica entre sapinho e cócoras, considerando ambas posições como "formato M" e adequadas do ponto de visto de maturação da coluna, para além das complicações da displasia de quadril.



Mas não encontrará nenhum artigo científico que corrobore a proibição das amarrações em "sapinho" ou pernas para dentro. E por favor, se encontrar, entre em contato conosco para dividir seus achados!

As outras justificativas para a "proibição" da posição sapinho não são baseadas em termos científicos, e sim em experiências pessoais ou abordagens generalizantes como "bebês se sentem melhor nessa posição".

É preciso frisar que é sabido que alguns bebês não ficarão confortáveis em algumas posições. É sabido que não é possível usar o "pernas para fora" como uma regra geral para todos os bebês. É sabido que um adulto slingando dificilmente passa várias horas com seu bebê amarrado na mesma posição. É sabido ainda que várias outras posições consideradas sub-ótimas (como por exemplo a posição lateral, com o bebê levemente deitado no tecido) também são praticadas durante a vida do bebê de colo, ainda que as pesquisas (dessa vez não dos interessados em displasia de quadril, mas sim nos interessados em sufocamentos de infantes) também "proibam" essas amarrações. É sabido que o investimento em conexão, observação e troca entre bebê e adulto que o carrega é um potente preventivo de qualquer suposto malefício que o trato diário possa causar.




É imprescindível pontuar que a opção pelo uso do carregador como prática de fortalecimento de vínculo, calmaria do binômio mãe e bebê, facilitação da rotina entre tantas outras vantagens precisa contemplar os estados físicos, emocionais e condições práticas de cada dupla, individualmente.

Reiteramos que o investimento em práticas de amarração - que a mãe ou pai podem desenvolver à partir de suas livres iniciativas, através de vídeos na internet, trocas com outros pais slingueiros ou apoio em consultorias especializadas - é extremamente positivo para slingar um bebê. Para além de ler os livros sobre isso e estudar as pesquisas, praticar o babywearing é uma das melhores formas de atingir os melhores resultados em amarração. Pratique, pratique, use, amarre, desamarre, faça de novo. 

Insistimos ainda que as regras básicas (que são intuitivas até sem os carregadores) de manter o rosto do bebê em constante visualização, apoiar coluna e pescoço com o tecido respeitando o forma natural da anatomia do bebê, e observar os sinais da dupla - tanto adulto quanto bebê devem estar confortáveis e seguros - são atitudes poderosas.

A academia e as pesquisas, muito embora bem-vindas em muitas situações da vida materna e dos quesitos da saúde dos bebês, podem gerar confusões desnecessárias e desgastantes, culpabilizando mães de forma leviana. O carregamento de bebês no colo pode e deve obedecer quesitos de segurança. Mas não pode ser encarado, assim como aconteceu com o parto e a amamentação, como uma atividade dependente da comunidade médica.

Seguimos nos informando e repartindo conhecimento sobre os facilitadores de colo, reiterando que nossa missão para além de vender slings é promover o contato afetivo entre os cuidadores e seus bebês à partir do colo. 

Um abraço

Sampa Sling


8 de junho de 2015

O Sling e a Depressão Pós-Parto

Texto original de Scary Mommy
Em tradução livre pela Sampa Sling

Eu sou uma grande defensora das crianças. Fui babá, cuidadora, olhei bebês brincando, brinquei com eles, entreti e amei bebês de todas as idades. As crianças falam ao meu coração. E em 16 de fevereiro de 2013, foi-me dado o maior presente de todos .. meu próprio bebê. Meu próprio amorzinho! Mas eu nunca esperava que fosse acontecer do jeito que aconteceu.

Quando minha filha nasceu, eu tive um parto traumático, e ela estava na Unidade de Tratamento Intensivo. Passamos as primeiras 16 horas de sua vida separadas. Assim que estávamos juntas, eu estava pronta para sentir o amor, a alegria, a explosão de emoção. Eu estava antecipando esse momento. Eu tinha sonhado com isso .. Mas, em seguida, eles colocaram a minha menina em meus braços .. e embora eu estivesse aproveitando .. esses sentimentos nunca vieram.



Eu desconsiderei isso e fomos para casa. Depois de vários dias em branco, a escuridão veio. Houve muitas lágrimas, muita tristeza, mas eu sempre ouvia "É normal. É o baby blues. Você vai ficar bem em breve."

Era uma quinta-feira. Eu mal tinha cuidado do meu recém-nascido. Eu não pude. Tocá-la, sabendo que minha eu interior quebrada e incapaz estava no comando dessa coisa indefesa .. que eu tinha que satisfazer suas necessidades e que eu era responsável por sua segurança ... isso me quebrou. Eu não sei como, porquê ou onde a quebra aconteceu naquele momento. Eu ainda não sei. Eu tirava leite, eu amamentava quando eu conseguia tolerar, e me sentava no canto da sala, chorando, enquanto meu incrível marido cuidava da nossa filha.

Naquela quinta-feira, eu me abri. Eu disse ao meu marido que eu estava pensando. Eu não queria essa vida. Se esta foi a minha única opção, eu não queria estar aqui. Eu queria morrer, e eu descobri como eu faria isso. Recitei, em detalhes, a forma com que eu acabaria com a minha vida. Eu assisti a cor do rosto de meu marido sumir. Ele imediatamente conseguiu alguém para cuidar de nossa filha e me levou para o consultório médico. Meu peso. Minha altura. Minha pressão arterial. Uma pesquisa. Eu preenchi o formulário, respondi claramente, sem rodeios, e disse-lhes as coisas que eu tinha considerado. Não, eu não queria ferir meu bebê. Não, eu não tinha ferido o meu bebê. Não, eu não tinha me machucado. Sim, eu provavelmente iria me machucar. Eu deitei na mesa de exame em posição fetal. Minha parteira entrou e chorou comigo. Ela me abraçou, acariciou meu cabelo e me diagnosticou com depressão pós-parto.

As semanas seguintes foram um turbilhão de lágrimas, eu tinha os mesmos sentimentos por mim, lutando contra a voz que me dizia que eu não queria viver. Medicamentos. Médicos. Lágrimas. Lava, enxagua, repete. Após duas semanas, eu estava finalmente no controle de mim mesma, tanto quanto ainda temendo a auto-mutilação. Esses pensamentos ainda estavam lá, mas eles eram apenas pensamentos. Eu ainda lutava para estar no mesmo quarto que a minha filha. Eu acariciava seu cabelo macio, ou suas bochechas rechonchudas, beijava sua cabeça e era bombardeada com um sentimento de falha que me tirava o fôlego. Não existe inferno mais fresco como estar emocionalmente indisponível para amar o seu próprio filho, então eu comecei pesquisando formas de vínculo com uma criança que você não podia tocar.

Que coisa estranha para pesquisar. Mas isso é o que eu encontrei: Babywearing.

A arte de séculos de idade. Algo que é natural e inata de uma mãe, de querer estar perto de seus filhotes. Mulheres de todo o mundo slingam os seus bebês. Diferentes maneiras, por diferentes razões, mas o mesmo belo resultado - um bebê que é seguro, apegado a mãe, e consciente. Um bebê que experimenta a vida e é ensinado que eles são importantes e as suas necessidades serão satisfeitas, ao mesmo tempo que aprendem que o mundo acontece em volta e, apesar deles, não só para eles. Uma coisa linda. Uma ferramenta para realizar coisas, para ensinar, para amar, para nutrir. E, em alguns casos, para curar. Salvar.

Eu li, li, li. Enchi minha mente com o conhecimento. E com o meu marido perto do meu lado para me salvar quando tudo era demais para mim, eu pegava o sling eu tinha ganhado e praticava usando-o com meu gato.

Quando minha filha tinha três semanas de idade, eu a coloquei no sling pela primeira vez. E foi surpreendentemente estranho. Meu corpo inteiro estava elétrico em tocar essa pequena pessoa, mas eu ainda tinha as minhas mãos para me sentir "livre". E pela primeira vez, enquanto eu segurava esta pequena pessoa sem segurar-la, ela se aconchegou em mim e adormeceu. Embora eu tivesse recuperando o controle de mim mesma, este foi o primeiro sinal de progresso que *eu* senti. Esperança. Um pequeno, minúsculo, muito fraco, mas definitivamente vivo, pingo de esperança. Uma luz no fim do meu túnel completamente escuro.


Pela maior quantidade de tempo possível, quantas muitas vezes por dia eu conseguisse, eu slingava cuidadosamente a minha menina, e fazia minhas coisas. Quando eu ficava mal, meu marido viria em meu socorro, ele fazia os cuidados básicos que eu ainda não era capaz de fazer. Mas todos os dias, cada vez que eu pegava aquele pano e o amarrava em mim, toda vez que meu bebê doce suspirou e se aconchegou em mim, feliz por estar perto de mim, aquele pouco pingo de esperança cresceu e se expandiu. O sling estava preenchendo o vazio. Eu ocupei minha mente e me distraí enquanto meu corpo tinha o que estava almejando, e deixei este artigo de pano criar uma ponte entre a minha mente e meu coração quebrado. Entre a minha antiga vida e meu novo eu. Entre o meu doce bebê, e meu desesperado ser.

Eu comprei o meu primeiro sling no primeiro dia em que eu era capaz de fornecer cuidados para a minha filha. Foi uma recompensa para mim. A recompensa, um lembrete. Meu ''Kokadi Teo Stars'' foi uma bela etapa, e para mim, pode muito bem ter sido uma medalha de ouro olímpica. Ele começou uma nova obsessão e ajudou a desenvolver e aperfeiçoar essa ponte .. a ponte entre a minha mente agora bem menos quebrada, e meu coração. As vidas que eu estava agora fundindo em uma bela harmonia. Quatro semanas se passaram desde que eu amarrei meu bebezinho no meu peito e não entrei em pânico. Enquanto eu cuidadosamente (embora de forma descuidada) envolvia o meu bebê nesse novo sling, ela olhou para mim e sorriu.

Aquele sorriso. O fio de esperança que soprou no túnel aberto. Esse sling, aquele sorriso, aquele momento. A minha filha tinha 7 semanas de idade no dia em que me tornei mãe. Tudo graças ao babywearing. Para alguns, é conveniência. Para alguns, é sanidade. Para mim, é um salva-vidas. Meus slings podem ser "peças caras de pano" ou "exagerados" ou "engenhocas estranhas" para alguns. Mas a capacidade de sentir a minha filha fisicamente perto de mim enquanto eu poderia me distrair com segurança .. bem, para mim, não tem preço.

Não há nada de ruim sobre a depressão pós-parto, com exceção de como ela faz você se sentir, e como os outros fazem você se sentir sobre isso. Você não fez nada para merecer isso, você não é uma má mãe. E todo mundo tem seus problemas. Essa era o meu. Isso me mudou. Então, para uma mãe com depressão pós-parto, uma mãe com os braços cansados, uma mãe com uma enorme necessidade de apenas esfregar a porcaria do chão porque isso é NORMAL, e você esqueceu o que é isso .. Slingue seu bebê. De qualquer forma, em qualquer lugar, sempre que quiser. Você nunca sabe como isso pode te mudar.