27 de junho de 2016

A abordagem Colo Com Amor

A abordagem Colo Com Amor é uma construção coletiva da Rosângela Alves em parceria com várias mães e pais interessados na promoção da cultura de colo. Temos nos encontrado virtualmente em um grupo de discussão, que reune profissionais da saúde, empreendedoras do carregamento com pano, usuários e entusiastas da prática.

Para conhecer todo mundo, peça para entrar no grupo: Colo Com Amor no Facebook

A abordagem Colo Com Amor tem por característica primordial a disseminação dos saberes sobre bebês de colo e troca de experiências, com enfoque para a produção (intelectual e prática) BRASILEIRA. O que significa que é uma abordagem nacional, para reunião e registro da cultura de colo no Brasil atual.

Depois de um tempo de muita conversa e reflexão, troca de experiências e estudo de evidências, elaboramos algumas diretrizes da abordagem - para clarear o que nos motiva e nos diferencia, frente a tantas outras formas de se enxergar o carregamento no pano.

Hoje você conhece nossas diretrizes, leiam! Vocês vão gostar!




DIRETRIZES COLO COM AMOR


Entendimento integral das coisas

A aborgadem Colo Com Amor é de embasamento holístico. E por holístico, temos o entendimento integral das coisas. O olhar para o todo que envolve uma mãe, seu bebê e a saúde de ambos, no encontro de várias áreas de conhecimento. Observamos o colo como uma prática, aprendizado e manifestação cultural apoiada em uma série de sabedorias. Desde a bagagem ancestral, a quem honramos e respeitamos, passando por aspectos do desenvolvimento motor, psicosocial e emocional dos bebês e necessidades reais das mães (ou outros adultos carregadores).


Princípio Humanizante

O contorno da abordagem Colo com Amor, é o princípio básico da humanização. Em oposição à outras abordagens em desenvolvimento no mundo da cultura de colo, o colo é a finalidade, e os panos são o meio. E entre essas duas coisas existe um universo de vivências que entendemos ser o modelo humanizado. Parafraseando Antônio Cândido, entendemos que humanizar a prática significa "confirmar no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, o senso de beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor”. 


Escuta ativa 

Em sintonia com o princípio humanizante, entendemos que o uso dos carregadores se apoia em diversos saberes e é transferido entre pessoas interessadas tanto em manter viva a cultura do colo como em gozar de seus benefícios inestimáveis, porém pessoas em contextos. E contextos são múltiplos, tanto quanto as pessoas. Sendo a interação entre os indivíduos e o meio uma condição para a aprendizagem, não estabelecemos regras rígidas à priori no que diz respeito à posição do bebê, tipos de amarração, tipos de tecido ou afins. Na abordagem Colo Com Amor a escuta ativa das especificidades é mais importante do que ideais de perfeição. A vivência plena da maternidade e proteção afetuosa da primeiríssima infância são mais importantes do que as técnicas. Este princípio se estende tanto para o adulto carregador como para o bebê carregado, que vemos deliberadamente esquecido por abordagens não humanizadas de carregamento. 


Balizas de Segurança

Em constante articulação entre teoria e prática, aprendemos que há algumas balizas de segurança para o uso de carregadores, no que diz respeito à posição do bebê e qualidade dos tecidos e amarrações. As balizas de segurança não são regras, e sim observações óbvias para pragmaticamente evitar acidentes. De maneira nenhuma entendemos que as balizas de segurança podem ser usadas para oprimir, coagir ou interferir na simbiose entre bebê e adulto carregador. No entanto, cabe a observação dos seguintes aspectos (baseado no TICKS, conjunto de segurança para carregadores desenvolvido em 2010 no Reino Unido)




BRAQS

1) Bem Ajustado: Slings e carregadores devem ser apertados o suficiente para manter seu bebê perto de você da forma que seja mais confortável para ambos. Qualquer folga / tecido solto permitirá que seu bebê a deslize no tecido, o que pode dificultar a sua respiração e forçar as suas costas. Consideramos aqui os nós dos carregadores, bem como a qualidade das argolas e fivelas no que diz respeito ao peso suportado e condições de travamento. Essa baliza norteia a segurança mecânica do carregador e do bebê no carregador.

2) Rosto visível: você deve sempre ser capaz de ver o rosto do seu bebê, simplesmente olhando para baixo. O tecido de sling ou carregador não deve se fechar em torno do bebê. Em uma posição berço ou colo, o bebê deve estar voltado para cima não estar virado para o seu corpo. Assim como em posição de colo natural, ou quando colocado no berço, o rosto do bebê deve estar visível, e não coberto por panos ou cobertores. Essa baliza diz respeito tanto à segurança contra asfixia do bebê mas é um convite de atenção do adulto carregador, tal e qual é demandada para um bebê fora do carregador. Olhar o rostinho do bebê pode alertar para qualquer desconforto.

3) À distância de um beijo: a cabeça do bebê deve estar tão perto de seu queixo quanto for confortável. Inclinando a cabeça para frente você deve ser capaz de beijar seu bebê na cabeça ou na testa. Essa baliza diz respeito à altura do carregamento, para evitar exclusivamente que os solavancos do caminhar do adulto atuem como pêndulo em um bebê colocado muito baixo. Ainda assim é relevante notar que na abordagem Colo Com Amor, compreendemos que o corpo do adulto contempla também uma série de variáveis. Por exemplo, é comum que quando carregados por homens, os bebês e adultos estejam em uma posição mais confortável - e igualmente segura - um pouco mais abaixo da distância do beijo. Ou ainda, que algumas ocasiões peçam por um carregamento nas costas. 

4) Queixo afastado do peito: um bebê nunca deve ser curvado de forma que o seu queixo seja forçado sobre o peito, pois isso pode restringir sua respiração. Garantir que há sempre um espaço de pelo menos um dedo de largura sob o queixo do seu bebê. Essa baliza tem a finalidade de promover posição fisiológica natural da traquéia do bebê e não significa que este deva ser carregado apenas verticalmente. No entanto, aponta que, nos carregamentos semi-deitados e mais enrolados, a pressão do tecido não deva exercer força sobre a cabeça de modo a enrolá-la sobre o pescoço o suficiente para provocar sufocamento. 

5) Suporte nas costas: Em um carregamento vertical o bebê deve ser carregado de forma que ele fique confortavelmente perto da pessoa que o carrega, com as costas suportadas na posição natural e barriga contra o adulto. Se um sling é muito frouxo, o bebê pode deslizar no tecido, o que pode fechar parcialmente suas vias aéreas. (Isto pode ser testado colocando a mão nas costas do seu bebê e pressionando suavemente - ele não devem se enrolar ou se mover muito em sua direção). Um bebê em um carregador de posição berço/colo deve ser posicionado com cuidado com a sua parte inferior na parte mais profunda do tecido, de modo que o sling não o dobre ao meio pressionando seu queixo contra seu peito. 


Múltiplas Fontes de Saber: 

A abordagem Colo Com Amor, assim como qualquer prática humanizada, se apoia em múltiplas fontes de conhecimento, sendo principalmente:
- a bagagem ancestral da cultura de colo através dos tempos e por todo o mundo.
- a experiência das promotoras da cultura de colo no Brasil e no mundo: parteiras, doulas, médicas e médicos pediatras, consultoras, fabricantes, vendedoras e mães que vem compartilhando suas vivências de forma gratuita e generosa. 
- a inteligência técnica e científica de variados estudiosos sobre aspectos variados do desenvolvimento de bebês.
- os saberes de ordem intuitiva, instintiva e não mensuráveis das relações entre mães e bebês.

O Colo é maior que o pano
A história do carregamento de bebês através do tempo e pelo mundo é marcada pela versatilidade e pluralidade de formatos, tipos de tecido e posições do bebê. A matriz têxtil de cada região em combinação com fatores geográficos (clima) e aspectos socio-culturais (tipo de atividades exercidas pelos adultos carregadores) determina a predominância de um ou de outro modelo ou posição de colo. Nas tribos indígenas brasileiras por exemplo, há uma larga utilização de tipóias trançadas. Tipóias que vemos também em comunidades ancestrais africanas, mas que fazem bom uso do couro. Povos com tradição em plantio de algodão, cardagem e fiação, tem em sua cultura de colo tecidos retilíneos. Nas populações onde as mulheres-mães atuam em atividades manuais como colheita, ceifagem (entre outros) é comum que os bebês sejam carregados nas costas. Em localidades frias, o bebê é enrolado em mantas antes de ser colocado no carregador. Tudo isso para estabelecer que a abordagem Colo Com Amor considera os aspectos climáticos, sócio culturais, do desenvolvimento do bebê, do conforto do adulto carregador e da disponibilidade dos tecidos, em combinação com as nossas outras diretrizes já descritas. Na sociedade contemporânea, as propagadoras da cultura de colo dentro da abordagem Colo Com amor atuam na pesquisa, confecção, venda, educação, disseminação e vivência da prática de forma transdisciplinar, de modo que constroem a abordagem de forma autoral, flexível e baseada na práxis cotidiana para além dos textos científicos.


Tecnologia Social

A abordagem Colo Com Amor entende o uso do carregadores de pano e facilitadores de colo como uma tecnologia social. Acreditamos que carregar bebês é sabedoria feminina que deve ser compartilhada, estimulada e preservada, e se em algum momento o elo desta corrente se quebrou, cabe à nós reconectá-lo. Portanto promovemos a disseminação desse conhecimento de variadas maneiras. Em encontros coletivos, rodas maternas, entre consumidores e clientes, através das redes digitais, e, nos casos das pessoas que fabricam carregadores de pano, em suas lojas, eventos e oficinas. A abordagem Colo Com Amor privilegia a transmissão gratuita, horizontal e democrática desse conhecimento, não tendo as consultorias particulares e cursos de formação como foco de atuação. Colo Com Amor, é uma abordagem com menos apelo mercadológico e mais apelo social. 


Evidências Científicas, Estudiosos e Bibliografia da Abordagem Colo com Amor: 
A abordagem Colo Com Amor entende o material acadêmico como apoio para proteção da cultura de colo frente aos interesses de grandes iniciativas, que no último século vem lucrando com a tendência vigente de separar fisicamente os humanos de suas crias. Assim, a comunidade científica só vem confirmar o que já sabemos: colo faz bem. A abordagem colo com amor não usa o resultado de pesquisas como fonte de imposição de regras, e sim os observa criticamente em sincronia com todas as diretrizes que a norteia.

DOWBOR, Fátima Freire. Quem educa marca o corpo do outro. São Paulo: Cortez, 2007. GUTMAN, Laura. A maternidade e o encontro com a própria sombra. Rio de Janeiro: Best Seller, 2010.
______________. O poder do discurso materno. 1 ed. São Paulo: Ágora. 2013. 
______________. Mulheres visíveis, mães invisíveis.1 ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2013. KARP, Harvey. O Bebê mais feliz do pedaço. São Paulo: Planeta, 2004. 
LIMA, Elvira Souza. Como a criança pequena se desenvolve. São Paulo: Inter Alia, 2010.
NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da transdiciplinaridade. São Paulo: TRIOM, 1997. 
STRUYF, Godelieve Denys. O método das cadeias musculares e articulares: o método G.D.S. São Paulo: Summus Editorial, 1995. 
TRINDADE, André. Gestos de cuidado, gestos de amor: Orientações sobre o desenvolvimento do bebê. São Paulo: Summus Editorial, 2007. 
BÉZIERS, Marie Madaleine. O bebê e a Coordenação Motora: Summus Editorial.
WINNICOTT, D.W. Os bebês e suas mães. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
_______________. A criança e seu mundo. 6 ed. São Paulo: LTC, 2013.

22 de junho de 2016

Por que a Slingada é uma marca registrada? Rosângela Alves explica

Sling é um nome em inglês.
No nosso contexto, poderia ser traduzido como rede, ou tipóia.
Mas essencialmente é também um verbo, para pendurar, içar, carregar…


No exterior, a prática de carregar um bebê com o auxílio de um suporte, se chama Babywearing. Quer dizer, literalmente, Vestimento de Bebê. Aqui no Brasil, "Slingar" foi um dos neologismo adotados para traduzir essa ação, de carregar o bebê. Muito embora a alcunha "Babywearing" esteja sendo usada cada vez com mais força. 

Quando a Sampa Sling em 2005 começou a fabricar seus carregadores, a prática do Babywearing contemporâneo era muito incipiente. Se hoje, ainda somos olhadas como mulheres "alternativas" (para não dizer verdadeiras aberrações) carregando um bebê amarrado ao corpo, naquela época nem palavras existiam para definir o que estávamos fazendo.

Eis que muito antes de uma empresa de carregadores, em um tempo em que poucas pessoas conheciam a prática de carregar bebês com panos, já aconteciam eventos em torno desse tema. Uma mulher mais experiente, encontrava outras menos experientes, e passava seus conhecimentos. Em poucos encontros, a sabedoria se multiplicava. Era transmitida para alguém lá em casa, era colocado em um vídeo na internet, também ainda muito tímida, há quase 10 anos.

Para além de celebrar uma cartilha de regras de como carregar seu filho no colo, esses primeiros encontros eram de troca, empoderamento. De conhecimento e troca sobre colo, afeto, amamentação, e cura para as dores do parto. Eu, Rosângela, com o tempo, deixei de ser aprendiz. E os encontros ganharam um nome: vamos fazer uma SLINGADA?

Esta é a primeira Slingada, na casa da Analy

Era um evento informal, que acontecia no quintal da casa de alguém. Você pode ler mais sobre a história da primeira slingada aqui. E nesta interessante postagem original, da Analy Uriarte, a precursora da cultura de colo no Brasil urbano. Alguém trazia um bolo, os bebês brincavam. As puérperas saíam de casa e se apoiavam para seguir carregando seus bebês, como até há pouco faziam com tranquilidade nas barrigas.

Quando eu assumi a Sampa Sling, a Slingada já era uma característica atrelada da marca. E não havia ninguém fazendo nada parecido, afinal das pouquíssimas marcas que atuavam na confecção e venda de slings, apenas a Sampa Sling investia nos encontros presenciais.

E investir significava dedicar um fim de semana por mês, no mínimo, para estar ali. Presencialmente, atendendo quem quisesse saber. Dividindo o que eu havia aprendido. Dedicar um outro tanto de tempo para encontrar um lugar, para informar as pessoas. Investir significava muitas vezes ficar sem vender um único sling por muitos meses! Ou ter uma Slingada de quatro horas com apenas uma participante. Fazer slingada em protesto, na chuva, na sala de casa. Trabalhei muito!

Em 2011 junto com o Materna em Canto - na Marcha em defesa das Obstetrizes
Em 2012 no Espaço Nascente
No Sesc Interlagos
No parque da criança
Na livraria 
A Slingada se oficializou como evento permanente em vários espaços (veja a agenda de Slingadas

Em 2015 abri minha própria loja física, o Espaço Sampa Sling que é a casa oficial da Slingada, gratuita e permanente.
Com o advento da internet, com os avanços das pesquisas científicas acerca da criação com apego - que começaram a provar o que a gente já sabia, que colo é bom, amor não faz mal - os slings começaram a ganhar mais espaço no gosto e na prática das mães contemporâneas. E com isso, muita gente começou, assim como eu, a fazer da confecção e venda de slings e outros carregadores, uma atividade profissional.

Nesse crescente, outros encontros para consultoria e venda de slings começaram a ser organizados! Ótimo! Sempre entendemos nosso negócio como algo positivo para o coletivo, e quanto mais mulheres aprendessem e pudessem ter acesso a um carregador de pano, maior impacto para os bebês, melhor para o mundo! Para mim, para minha marca, para as pessoas que eu atendo e para o mundo, o carregador de pano é uma Tecnologia Social. Um jeito de melhorar a vida. Isso faz parte da minha abordagem de trabalho há quase dez anos. 

Em 2014 eu comecei a fazer Slingadas Solidárias no Amparo Maternal. Coleto doações de carregadores e vou até o amparo, me disponibilizando a compartilhar o que eu sei com mães que estão em situação de risco. Tenho aprendido mais com elas do que elas comigo, certamente. 

Mas, muitas vezes esses encontros que são organizados em diversas partes do país, não celebram os mesmos valores, construídos mês à mês, bebê à bebê, da Slingada Sampa Sling. É natural que com a crescente adesão ao carregamento com facilitadores de colo, várias visões e abordagens tenham surgido.

Então começamos a ver consultoras optando por fazer workshops pagos sobre slings: e chamavam de Slingadas.
Vendedoras que faziam uma venda especial em um determinado dia, sem prestar atendimento de consultoria: e chamavam de Slingada.
Pessoas organizavam eventos com entrada paga: e chamavam de Slingada.
Confecções de slings ofereciam cursos de formação para futuras consultoras: e chamavam de slingadas.
Venda casada de slings - o cliente comprava o carregador e tinha que pagar pela consultoria: e chamavam de slingada! 

:(

Assim, foi uma decisão da marca Sampa Sling reservar os direitos de uso de nosso trabalho, construído com base nos valores que celebramos, através do registro de Slingada. 

Slingada é o encontro sobre slings da Sampa Sling. 

E fazemos votos para que todos os empresários, micro empresários, pequenas e grandes iniciativas que trabalham com a difusão do carregador de pano possam se inspirar pela nossa história para criarem, organizarem e nomearem seus próprios eventos, cursos, palestras, encontros e workshops. 

Neste ano de 2016 eu enviei o primeiro lote de carregadores da Sampa Sling para Londres. Eles fazem agora parte do acervo do encontro de slings de lá, que se chama Sling Library - e trabalha com um esquema de empréstimo e aluguel de carregadores com educação voluntária para seu uso

A Slingada atua com base na abordagem criada pela Sampa Sling, em parceria com outras mulheres, mães e profissionais do colo: uma abordagem humanizada, cujas diretrizes estão sendo trabalhadas há anos, mas que recentemente ganhou um nome oficial. Colo Com Amor (à partir da palestra do III Simpósio de Assistência ao Parto, onde eu tive o prazer de apresentar, junto com Tatiana Tardioli, os preceitos da nossa abordagem de carregar, que leva consigo toda essa história). 

Vamos falar muito de Colo Com Amor por aqui!
Para finalizar, deixo registrado:

A Slingada é:


- Gratuita;
- Colaborativa;
- Oferece consultoria sem custo para qualquer pessoa interessada;
- Independente do produto (ou seja, as pessoas podem vir na Slingada e trazer qualquer marca de carregador que serão carinhosamente assessoradas, sem julgamentos, sem opressão);


A Slingada almeja:


- Estar em cada vez mais espaços;
- Difundir a abordagem de carregamneto Colo Com Amor;
- Alcançar cada vez mais pessoas;
- Respeitar sua história e valores originais.
- Honrar o caráter intuitivo e aspectos integrais do uso dos facilitadores de colo e das características individuais de cada bebê, mãe e família.

com carinho,

Rosângela Alves

A versatilidade do Mei Tai

O Mei Tai contemporâneo é inspirado nos carregadores orientais. Ele é um tipo de carregador estruturado, que forma um assento ergonômico e é recomendado para bebês que já sentam. Nesse vídeo você verá a praticidade e versatilidade do Mei Tai, que quase não carrega nenhum segredo para seu uso. Mas tem surpresa no final do vídeo, uma daquele tipo que toda mãe adora!

<3


6 de junho de 2016

O colo é maior que o pano - sobre slings e tokens

Este é um texto dedicado às profissionais dos facilitadores de colo. Ele registra uma parte do processo de reflexão e aprendizado da Sampa Sling, enquanto uma das marcas pioneiras na fabricação de Slings no Brasil e referência nacional para seu uso. 


Você já ouviu falar em tokenização?

Essa é uma palavra esquisita, mas que resume um fenômeno muito comum em alguns polos de discussão, especialmente que tratam de feminismo e racismo.

Seria algo assim: usar um grupo, ou a experiência de um grupo - normalmente um grupo explorado, oprimido ou que sofreu algum apagamento - para tirar vantagem própria, justificar sua conduta ou validar seu discurso opressor.

Como por exemplo, quando alguém é acusado de racismo e diz "eu não sou racista porque até tenho um amigo que é negro". 

No nosso mercado, não é incomum que usemos as experiências de maternidade de outras mulheres como token. Em especial quando tratamos de carregamento ancestral e suas infinitas modalidades. Este texto é para levantar essa reflexão e pensar em formas de evitar esse comportamento duvidoso. 

Vamos fazer uma pausa aqui para pontuar que toda produtora de Sling contemporâneo trabalha em um lugar de desdobramento da cultura ancestral do carregar. Mas que se trata de uma releitura do passado em moldes atuais.  Nenhuma de nós ou nossas clientes jamais vivenciará as experiências de maternidade das culturas ancestrais, inclusive da prática do carregamento no colo. À menos que esteja ainda imersa nessa cultura, recebendo conhecimento e influência ascendente-descendente. Veja esse vídeo, que ilustra como a prática do carregamento é transferida de avó para mãe, de mãe para filha. E como isso se difere de como hoje a mãe contemporânea tem aprendido e escolhido suas práticas.




Voltemos à tokenização na nossa comunidade de carregadores de pano. 

Vamos supor que você vende carregadores de pano de um determinado tecido. Sem dúvida, você acredita na qualidade do seu produto e investe muito em contar sobre isso. Isso é ótimo, não há críticas aqui. Mas, não raro, é parte do seu discurso que para valorizar seu próprio produto você precise comparar o produto de outro alguém, que vende carregadores de outro material. E nessa comparação você diminui o produto do seu concorrente.

Não por maldade, mas porque você acredita que sua opção é superior. Você faz questão de pontuar os prós do seu produto e os contras do produto da outra. Essa é uma escolha que você fez: ao vender o seu peixe, você escolheu essa linha de argumentação - da qualidade do produto, da superioridade do seu tecido. Abordagem tecnocrata.

Pois bem, a parte técnica do seu argumento de venda está em perfeitas condições. Mas os aspectos sutis do mercado que você representa perde um pouco quando você fica insistindo no tipo de tecido ideal para o carregamento. Que aspectos? Cultural por exemplo.

Bate aquela vontade de valorizar também as mulheres maravilhosas que mantiveram vivo o colo na humanidade. Porque sabemos, se dependesse das indústrias bebês estariam todos em berços, carrinhos e cadeirinhas. 

Então, para dar aquela sensação de que sua linha de discurso não é também assim, somente técnica e baseada nas características dos avanços industriais dos tecidos, (afinal você trata com mães e bebês, e parece ser necessário dar conta desses aspectos sutis também)  vira e mexe você posta nas suas redes sociais fotos assim. 

Ai que lindo! 


Adoroooo!


Carregador Maravilhoso!

Fotografias de Beatrice Fontanel no Livro: Bebés Du Monde


Percebeu? Usa a história, a bagagem, a experiência antropológica de grupos e culturas- nesse caso sim, largamente oprimidos - para criar um falso senso de validade para seu próprio negócio. Que nunca usou a pluralidade como argumento de venda, uma vez que escolheu hierarquizar a tecnologia dos tecidos. 

Isso valeria também para as posições do bebê, os tipos de amarração, as indicações de uso de cada formato de carregador.  Isso é tokenização.

Transportando esse fenômeno para outras áreas relacionadas do nosso universo, seria como: 

  • Um obstetra que tem taxas de 90% de cesáreas eletivas usar fotos de partos humanizados para decorar o consultório.
  • Uma empresa que fabrica leite artificial usar em uma campanha digital fotos de mulheres amamentando em um protesto, dizendo ser também um aliado da amamentação.
  • Uma corporação que vende bebidas açucaradas ser patrocinadora de um evento esportivo que tem foco na promoção de saúde. 

Como vocês podem ver, a tokenização é um hábito muito normalizado, que serve para "lavar" um comportamento incongruente com o que seria socialmente aceito. Ninguém quer se reconhecer racista. Então usa o amigo de token para limpar a própria barra.

Ninguém quer renegar a pluralidade do carregamento de bebês pelo mundo. Mas quando escolhe tecnocratizar o acesso e a prática dos carregadores, fica numa posição conflitante. E Tokeniza.

Como escapar disso?

O colo é maior que o pano
Nossa prática tem mostrado que os argumentos de venda para o carregamento de bebês não estão e nunca estiveram atrelados ao produto. É claro que bons tecidos, aspectos de segurança, ergonomia e outros dados de qualidade precisam ser observados com muita atenção por quem escolhe transformar o colo e os carregadores em prática profissional. Mas essas questões, quando sobrepostas às finalidades do produto e da prática - vínculo, facilitação da amamentação, emancipação da mulher entre outras - levam ao beco sem saída da incoerência. Na prática do colo e carregadores de bebê enquanto atividade profissional, as finalidades não podem ser apagadas pelos meios.

De olho na apropriação cultural
Temos elaborado muitas reflexões acerca da apropriação cultural do carregamento no pano, na medida que entendemos que nossa prática precisa sempre atribuir valor às culturas, experiências e características de todas as modalidades de carregamento. É só por elas que o colo sobreviveu. Assim, conhecer, divulgar e atribuir valor ao contexto histórico, antropológico e cultural que nos trouxe aqui, inclusive fazendo os recortes de raça que são tão necessários, é de extrema importância. Leia mais aqui sobre apropriação cultural

Mais escuta, menos julgamentos
Não somos a polícia do Sling. Fizemos a escolha de respeitar e acolher as pluralidades dessa prática. Existe uma tendência no trato de mulheres que se tornam mães por parte dos mais variados profissionais, de apagar o universo riquíssimo de conhecimento, intuição e potência que cada pessoa trás consigo. Não compactuamos com a abordagem fragilizante das mulheres e mães, tratando-as como se fossem incapazes. Nosso compromisso é apoiar com escuta antes de querer impor "o nosso jeito" para essa ou aquela mãe, acreditando que está nela a possibilidade de descobrir seu jeito de maternar.

Há espaço para todos
Na gana de competir por nichos de mercado é que surgem essas vontades de ser superior, ser melhor, tomar a frente e por fim: oprimir e usar discursos distorcidos sobre o carregamento de bebês no pano. O risco de ser preconceituoso, cair na apropriação das culturas e tokenizar a maternidade alheia é mais alto quando você entra no modo "competição". Somos partidários da cultura da abundância, entendemos que há espaço para todos e fazemos nosso trabalho dentro das balizas técnicas e éticas. Não nos comparamos com outras marcas. Foco no trabalho dia a dia, o sucesso é resultado.

Revisão, Reflexão, Sempre
A Sampa Sling permanece em constante processo de mudança. Tanto do ponto de vista da melhoria dos produtos, quanto das práticas. Tanto no atendimento para os clientes como da nossa missão e propósito. Não existem argumentos ou regras que tenhamos criado que não possam ser revistos se isso significar mudança para melhor. Nosso compromisso está sempre em fazer o bem, para um grupo cada vez maior de pessoas e com foco no aumento de benefícios para todos os envolvidos. 

23 de maio de 2016

Cruz Envolvente para WrapSling

A Cruz Envolvente é um tipo de amarração para o WrapSling. 

Ela proporciona bastante ergonomia no carregamento vertical do bebê - pernas afastadas em M, coluna em C e proximidade do rosto da mãe, características importantes para a segurança no carregar.

No entanto, é um tipo de amarração que impede que o bebê seja facilmente movimentado dentro do carregador. Você verá no vídeo que a Cruz Envolvente é uma amarração que depende da posição do bebê no colo, portanto não permite que ele seja movimentado depois, coisa que pode ser um complicador para bebês em livre demanda que estejam passeando na rua por exemplo: talvez para dar o mamá a mãe necessite desamarrar todo o carregador, coisa que por exemplo não acontece com a pré amarração para WrapSling ou em um Pouch Sling por exemplo.

Por essa razão, a Cruz Envolvente não é a primeira amarração que recomendamos para as mães que começam a slingar seus bebês, em especial se forem recém nascidos. Entendemos que bebês recém nascidos e suas mães precisam de flexibilidade e tempo para desenvolverem suas práticas exclusivas de colo, e a pré amarração para Wrap Sling (que você pode ver nos vídeos da série Slingando Recém Nascidos) permite mais praticidade nesse sentido.

Na Cruz Envolvente ainda, existe uma necessidade de abertura dos quadris do bebês, coisa que a maioria dos bebês recém nascidos não tem. Contudo, a cruz é uma ótima opção para os dias de calor, uma vez que não sobrepõe faces do tecido em bebê e mãe. 


16 de maio de 2016

Aguayos Bolivianos e o estudo científico da professora Ivonne Ramirez - Prólogo

Ivone Fabiana Ramírez Martinez
Em tradução livre pela Sampa Sling

Prólogo por Carmen Julia F. Heredia Cavero 
Psicologa Social Representante da Associação de Psicologia Social - Bolivia (APSISOBOL) 

Foto: Unbolivable

"Cumprindo as tradições de seu povo, ao seu filho havia amarrado dos pés aos ombros, assim seu filhinho ficava quietinho nesse invólucro branco, que por vezes, para algumas pessoas, evocava uma ninfa. Quando ela deu à luz pela segunda vez, já estava na cidade e os médicos lhe disseram que envolver a criatura "como um morto, não era bom porque lhe tirava a liberdade para se desenvolver"; de modo que a mulher para não antagonizar, nem os médicos nem à sua mãe, seu segundo filho amarrou apenas até a cintura. E, finalmente, e em linha com a tendência moderna da mãe cosmopolita, seu terceiro filho foi "libertado" do controverso Chumpi Walta.

A história familiar acima ocorreu há mais de 45 anos atrás, mas hoje escrevendo este Prólogo vivo duas circunstâncias; Estou na cidade de Santa Cruz, e alojada em um desses condomínios elegantes e seguros, onde é claro, se "infiltraram" mulheres de origem Aymara e Quechua para cumprir tarefas de babás ou empregadas domésticas do lugar.

Uma delas, que renunciou à sua saia, mas não a seu Aguayo, foi proibida de carregar a filha de seus empregadores em seu pano de tear colorido. Segundo os pais, a empregada acatou submissa a proibição. No entanto, as colegas vizinhas da trabalhadora contam que no momento em que os pais atravessam pelo grande portão do condomínio, ela e a menina desobedecem, tornando-se assim a empregada naquela "que não entende nada" e sua pequena cúmplice em uma menina branca de olhos verdes criada como uma menina Andina... aparentemente feliz dentro do Aguayo.

Esses relatos mostram indiretamente a controvérsia que ocasiona, na Bolívia, o uso do Aguayo e do Walta Chumpi na infância.

E aqui então, resgato um dos muitos méritos do trabalho de Ramirez, que é essa lucidez para investigar um hábito andino diário, que há anos desencadeia preocupações em pais e mães, na sua maioria migrantes de áreas rurais, da Bolívia. Preocupações e perguntas como: amarrar ou não amarrar com o walto as crianças para carregá-las no Aguayo?

Em outras palavras, a autora intenciona fazer uma abordagem científica sobre os "benefícios ou malefícios" psicomotores que o uso destas peças de vestuário e práticas andinas poderiam causar durante a infância. Além disso, a análise psicossocial que Ramirez dá ao assunto é esclarecedora para compreender o comportamento psico-motor e afetivo-emocional, ambos entendidos como um todo organizado e determinado pela relação do sujeito com seu entorno, em conseqüências dos enfoques que tendem a dicotomizar o corpo e o meio social, algo impensável na psicologia construtivista.

(...)

No entanto, para além dessa pesquisa exploratória nas crenças e práticas sobre o uso de Aguayo e do Chumpi, as entrevistas realizadas por Ramirez com diferentes mulheres e homens de seus grupos de estudo, revelam a existência de uma etno-medicina e etno andino-psicologia, ou seja, o conhecimento e as habilidades que têm a ver com o cuidado físico e emocional das crianças andinas; segundo a autora, crenças e práticas estas que não estão em desacordo com as recomendações da biomedicina, especialmente quando se trata do cuidado da região frontal da cabeça das crianças.

Inevitavelmente, a leitura da pesquisa realizada por Ramirez, me levou para os caminhos agudos traçados ​​por Michel Foucault, que como sabemos, diz que o conhecimento e a prática médica têm um lugar privilegiado no exercício de poder sobre nossos corpos, os discursos médicos nas sociedades modernas de hoje se converteram em novas formas de controle social.

À luz dessa premissa, é válido questionar-se se o discurso biomédico (especialmente o local) sobre as amarrações com Walta, emitido segundo a autora sem nenhuma base científica, se resume apenas em "prejuízos" e se todo "prejuízo" talvez não represente uma forma de controle social. Um controle, que nesse caso não diz respeito apenas ao conhecimento e práticas etnomédicas, mas também implica na tendência de se uniformizar todos os seres sociais e identidades dos mesmos, uma vez que essas esferas Psicosociais se constroem à partir de um modelo ideal ocidental. 

Reforçando essa ideia, cabe também mencionar a antropologia do corpo, à qual a autora também recorre em sua análise. Tal cometido, afirma categoricamente que todo corpo é construção bio-psico-social, cultural e histórico. Assim, os corpos que os waltas e chumpis moldam na Bolívia andina, constituem parte da identidade desse grupo, e de uma forma específica de relação é vínculo que se estabelece entre criança e mãe, e criança e entorno social.

Cabe destacar que o olhar científico e multidisciplinar da autora, impedem de fazer "fetiche" destas indumentárias e práticas ancestrais, porque determina que o uso indiscriminado do Aguayo à partir do nono mês de vida prejudica o desenvolvimento psicomotor da criança. Esta observação, eu considero fundamental, já que apenas à partir de um enfoque ao mesmo tempo crítico e receptivo dos conhecimentos e práticas andinas, é que será possível consolidar e revolucionar a forma de compreender, fazer e aplicar a ciência junto aos povos indígenas e outras comunidades. 

Além disso, o trabalho de Ramírez ao propiciar um encontro, ainda que apenas entre suas páginas, de diferentes conhecimentos, nos impele a seguir nesse caminho, e implica o desafio de ir tecendo com cada vez maior precisão os tópicos da ciência. 

Carmen Julia F. Heredia Cavero Psicologa Social Representante de la Asociación de Psicología Social - Bolivia (APSISOBOL) 

26 de abril de 2016

Duas amarrações laterais para o SampaWrap

O Wrap Sling é um dos mais versáteis carregadores de bebê. Um pano comprido que amarrado de diferentes formas, facilita o carregamento em variadas posições.
No vídeo de hoje, ensinamos duas possibilidades de amarração lateral, recomendadas para bebês que já sentam.




Assista, curta, pratique e compartilhe! 

20 de abril de 2016

Slingada Solidária 2016

Estamos nos preparando para a 4a edição da Slingada Solidária e para isso precisamos da ajuda de vocês. Doe seu sling para quem mais precisa dele. 

O Amparo Maternal é uma organização não-governamental que fornece assistência às gestantes e mães de todo o país, pelo SUS. Em outubro, a Sampa Sling promoveu uma slingada solidária que juntou em torno de 20 mães e seus bebês.

Nessa linda slingada, compartilhamos com cada uma delas nosso conhecimento sobre carregadores de bebês, os benefícios, tipos de slings e amarrações. Conhecemos um pouco de cada uma delas, suas histórias e dificuldades. A Sampa Sling teve o privilégio de levar a cultura dos carregadores de bebê para essas mães que tanto precisam de apoio. Cada uma delas recebeu um sling e já saiu de lá com seu bebê amarradinho perto do coração.

Nossa próxima edição acontece em 11 de maio e a Sampa Sling tem pontos de coletas em vários lugares na cidade de São Paulo. Veja abaixo, todos nossos pontos de coleta e nos ajude a facilitar o colo dessas mães !

Se você não pode levar seu sling pessoalmente, você pode enviar pelo correio, para o endereço da Sampa Sling. 

Pontos de Coleta:

CASITA – R. David Campista, 180 - Vila Lea, Santo André - SP, CEP 09090-430
Até 03/05 – Terças e Quintas das 13h às 16h.
Sábado 30/04 – Das 9h às 12h.

CASA MOARA - R. Guararapes, 634 - Brooklin Paulista - CEP 04561-000
Durante o horário de funcionamento habitual

CAZA DA VILA - R. Francisco Cruz, 426 - casa 26 - Vila Mariana CEP 04117-091
De segunda a quinta, Das 14 as 18 horas

PARTO SEM MEDO - R. Itamarati, 151 CEP – 01234-030, Pacaembu, São Paulo
Durante o horário de funcionamento habitual

ESPAÇO NASCENTE - R. Grajaú, 599 – Sumaré - CEP 01253-001
De Segunda a sexta, Das 15h30 às 19h

CASA DO BRINCAR - R. Ferreira de Araújo, 388 - Pinheiros - CEP 05428-001
Durante o horário de funcionamento habitual

ESPAÇO SAMPA SLING
- R. Antônio Viêira de Medeiros, 94 - Pinheiros - CEP 05425-060
Segunda a sexta das 9h às 17h.

CASA LILA - Rua Safira, 276 - Aclimação, CEP 01532-010
Segunda a Sexta Das 9h às 18h. 



12 de abril de 2016

O colo de mãe resiste

Você já deve ter ouvido falar por aí de uma série de "regras irrevogáveis" para o carregamento de bebês com o auxílio de um pano, vulgarmente conhecido como Babywearing.

Há quem invista tempo e energia em provar que existe somente um tipo de tecido recomendado. Há quem invoque a profissionalização urgente da prática. Há quem sugira que seu próprio conjunto de crenças é a única e exclusiva possibilidade para 100% dos bebês. Há quem diminua e descredibilize a experiência de outras abordagens para o carregamento dos pequenos.

O fato é que, como atuantes da prática comunitária que favorece o carregamento de bebês através das múltiplas possibilidades de aparatos, prática que que tanto amamos, temos visto discursos autoritários e rígidos ganhando força aqui no Brasil, supostamente apoiados por "estudos científicos". 

Se por um lado a ampliação do conhecimento técnico humano sobre qualquer área nos permite evoluir e melhorar (e por isso somos gratos), se por um lado ainda a prática comercial da fabricação e venda de carregadores de bebê, bem como consultorias para o tema, tem representado fonte de renda e empoderamento para muitas mulheres mães (e por isso igualmente lutamos), por outro essa parcela tecnocrata do carregar bebês parece ter perdido de vista o básico, sob discursos que escorregam pelo fetiche de conquistar e dominar o que é de todos.

Mas o colo de mãe resiste.

Mãe e Bebê no Alaska - fonte da imagem

Desculpem-nos pesquisadores e grandes estudiosos da ciência, e deêm nos licença os porta-vozes comerciais dessas supostas regras, mas é (antes de tudo!!) natural e intuitivo, o hábito milenar de se carregar os bebês no colo com o auxílio de um pano. E isso se expressou nas mais variadas culturas ao longo da existência da humanidade. E isso foi fundamental para a nossa sobrevivência do amplo ponto de vista da evolução. E isso foi, e é ainda, praticado por inúmeras mulheres mães, em inúmeros tipos de carregadores com inúmeras variedades de tecidos e posições inúmeras para seus bebês.

O nome dessa sistematização e imposição de prática única é colonialismo. 

E o colonialismo, como sabemos, tem seus requintes racistas e opera em benefício próprio. E o colonialismo, como sabemos, atua perniciosamente vendendo um suposto benefício para todos, mas mascara o apagamento das possibilidades já vivenciadas e construídas por muitos. O colonialismo, como sabemos é verborrágico, insistente e usa o medo como forma de controle. E naturalmente, se contrariado, costuma apelar para a violência explícita.

Podemos interpretar essa necessidade de colonizar a prática do outro como uma grande paixão narcisista por sua própria atividade, o que viria de um desejo genuíno, mas falacioso, de fazer o bem. Ou podemos ainda entender que as necessidades mercadológicas dentro do crescente mercado de carregadores e consultoria - enquanto atividade comercial - tem seu papel atuante nos discursos rígidos insurgentes. Mas essas motivações pouco nos importam.

Nos importa ampliar a reflexão, reforçando nossa missão de empresa atuante no mercado e na cultura do colo de mãe. O colo resiste.

Crianças no Vietna - Foto Anna Aleksandrova - National Geographic

E para tanto levantamos aqui o exemplo da controvérsia que permeia os Aguayos e Chumpis, tradicionais formas de enrolamento e carregamento de bebês e crianças Andinas. Em sua pesquisa de doutorado a socióloga boliviana Ivonne Martinez relata como as tendências européias para os cuidados de puericultura influenciaram as tradições do povo andino-boliviano. "Componentes psicomotores y psicosociales del aguayo y el chumpi en la crianza infantil" é o livro que revela a existência de uma etno-medicina, ligada à etno-andino-psicologia. Abordagens para o tratamento do assunto de carregar bebês no colo que estão para além das recomendações técnicas. Que tem à ver com o cuidado físico e emocional de crianças em seus contextos, no caso desse estudo em específico, de herança Andina.

Alguns trechos traduzidos do livro da professora Ivonne Ramirez você verá aqui, no blog da Sampa Sling.

Queremos com esse exemplo pontuar que culturas foram totalmente dizimadas por essa visão eurocêntrica do mundo. De acordo com Ramirez, na tradição Boliviana de carregar bebês no colo não foi diferente.

Bebê Boliviano - foto NPR


À despeito das tradições milenares dos indígenas brasileiros e seus bebês na tipóia, para a mãe contemporânea e especialmente urbana, a comunidade de carregamento de bebês no colo aqui no brasil é relativamente jovem. 

Se por um tempo estávamos trabalhando pelo resgate da prática contra os interesses de grandes indústrias que lucram não apenas com aparatos caríssimos e requintados para o carregamento de bebês mas também com as potenciais consequências da falta de colo, vínculo e amor, agora temos que resistir também aos discursos daqueles que, como nós, também acreditam nos benefícios dos facilitadores de colo: mas insistem no monopólio de práticas e no apagamento da história e cultura alheia.

Só que o colo de mãe resiste.

Mãe e bebê na Etiópia - Fonte da Imagem

Não aceitamos que a ancestralidade, pluralidade e liberdade do carregamento de bebês no colo, através do mundo inteiro, seja invadida por aquilo que supostamente rezam as cartilhas científicas da Europa apenas. Protegeremos o a parte que nos cabe da cultura de colo Brasileira, de modo que ela possa se desenvolver dentro de suas peculiaridades e heranças multi culturais. Nosso modo de assim fazê-lo é mantendo nosso compromisso diário de estimular e apoiar o vínculo entre pares, os humanos dessas relações, o amor, a finalidade e não apenas o meio.

Renovamos aqui os votos da Sampa Sling em manter-se como referência em carregadores de pano em esfera nacional, contribuindo para a criação, implantação e disseminação do carregar bebês brasileiro, com respeito às heranças culturais, investimento no empoderamento feminino, aprendizagem constante, ampliação de acesso e liberdade baseada em escolhas informadas para cada binômio peculiar de mãe e bebê. 

Mãe e bebê Ka'apor - Fonte da Imagem


7 de abril de 2016

Eventos de Abril

Abril chegou com agenda lotada! Veja aqui as informações de todos os eventos e Slingadas Sampa Sling desse mês!

09 DE ABRIL - SLINGADA OFICIAL SAMPA SLING


Das 10h às 14h na Rua Antônio Vieira de Medeiros, 94
Evento aberto e gratuito, não precisa inscrições prévias. Vendas de produtos da Sampa Sling no local.



10 DE ABRIL - SLINGADA NO SESC VILA MARIANA

Nesta atividade o público vai conhecer o sling, peça grande de tecido que proporciona diversas possibilidades de amarração de forma segura e confortável para mamães, papais e bebês, de recém-nascidos a até 20 quilos.
DAS 10H30 ÀS 11H30
Vagas Limitadas. Inscrições no local com 30 minutos de antecedência.

Sala do 5º Andar - Torre B




11 DE ABRIL - CAOS ARTE FEST


Do dia 9 a 11 de abril, o Memorial da América Latina recebe a 3ª edição do CaosArte. Movimento promovido pela Multitude, a intenção é criar reflexões sobre arte e cultura através de novas tecnologias, conceitos como crowdsourcing e economia criativa, conectando o público a uma experiência multimídia e caótica.
A Sampasling leva a slingada ao evento, dia 11 ás 13h.
Local: Tenda



Fundação Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664

Mais informações no site do memorial : http://www.memorial.org.br/2016/03/3a-edicao-do-caosarte-invade-o-memorial/

13 DE ABRIL - SLINGADA NA CAZA DA VILA 


DAS 13 às 14.30h - Rua Francisco da Cruz, 428
Evento aberto e gratuito, não precisa inscrições prévias. Vendas de produtos da Sampa Sling no local.




16 e 17 DE ABRIL - VIRADA EMPREENDEDORA


Com o tema “Brasil: Presente, futuro empreendedor”, a sexta edição da Virada Empreendedora será realizada entre os dias 16 e 17 de abril de 2016. O evento, que já se consagrou como um dos maiores sobre empreendedorismo no Brasil, terá novamente 24 horas ininterruptas de atividades realizadas na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo (Rua Itapeva, 432).



A sampasling é expositora no evento, levando os facilitadores de colo, demais produtos e consultoria gratuita para os participantes da virada. 

INSCRIÇÕES PELO SITE http://www.viradaempreendedora.com.br/inscricao/

24 DE ABRIL - SLINGADA NO SESC VILA MARIANA


Nesta atividade o público vai conhecer o sling, peça grande de tecido que proporciona diversas possibilidades de amarração de forma segura e confortável para mamães, papais e bebês, de recém-nascidos a até 20 quilos.
DAS 10H30 ÀS 11H30
Vagas Limitadas. Inscrições no local com 30 minutos de antecedência.

Sala do 5º Andar - Torre B




27 DE ABRIL - SLINGADA NO PARTO SEM MEDO


Das 13h às 14h30 na Rua Itamarati, 151 - No Pacaembu. 
Evento gratuíto. 




29 DE ABRIL - SLINGADA NA CASA MOARA 


Das 13 às 14h30 - na Rua Guararapes, 648


30 DE ABRIL - SLINGADA NA CASITA DE SANTO ANDRÉ


Das 9h às 11h - Rua David Campista, 180



30 DE ABRIL - SLINGADA NO BEBEXÓ - BRECHÓ PARA CRIANÇAS E BEBÊS 


Das 14 às 17 estaremos com a slingada no Bebexó - Largo Senador Raul Cardoso, 190.