25 de agosto de 2015

Os filhos de "alguém"


Guerras são travadas por pessoas que foram filhos de alguém. Crimes são cometidos por pessoas que foram filhos de alguém. A violencia é praticada por pessoas que também são filhos de alguém. 

Nações são lideradas por pessoas que foram filhos de alguem. Fé, ajuda e cura são compartilhados por pessoas que foram filhos de alguém.

Nós, os pais de hoje, somos esse alguem dos nossos filhos, e nossos filhos serão o alguém dos próprios filhos. Podemos não ser capazes de eliminar toda a guerra, acabar com todo o crime, ou parar com a violência. 

Mas plantar paz, carinho, compaixão, respeito, generosidade e empatia nas nossas crianças é a forma mais simples e poderosa de cada um de nós sermos o alguém que muda o mundo para melhor. 


L.R.Knost
The gentle parent: positive effective discipline
em tradução livre pela Sampa Sling

20 de agosto de 2015

Ajudando as crianças a compreender suas emoções.

Por Claire Lerner, assistente social e especialista em desenvolvimento infantil

Em Tradução livre pela Sampa Sling

Não faz muito tempo que a sabedoria convencional dizia que os bebês eram praticamente coisas que não pensam ou sentem muita coisa, antes que pudessem se expressar com palavras - em torno dos dois anos. A idéia de que uma criança de seis meses de idade, podia sentir medo ou raiva, tristeza e luto, era absurda. Mas, graças a uma explosão na pesquisa sobre a infância nos últimos 30 anos, nós agora sabemos que bebês e crianças estão seres com sentimentos. À partir dos primeiros meses de vida, bem antes que eles possam usar as palavras para expressar-se, os bebês têm a capacidade de experimentar picos de alegria, emoção e euforia. Eles também sentem medo, dor, tristeza, desespero e raiva, emoções que muitos adultos, compreensivelmente, ainda acham difícil acreditar ou aceitar, que crianças tão pequenas possam experimentar. As pesquisas mostram também que a capacidade das crianças para gerir eficazmente a sua gama de emoções, algo também conhecido como auto-regulação, é um dos fatores mais importantes para o sucesso na escola, no trabalho e relacionamentos em longo prazo.

Assim, um primeiro passo essencial para ajudar a criança a aprender a lidar com seus sentimentos não é a temer os sentimentos, mas abraçá-los. Os sentimentos não são certos ou errados, eles apenas são. Tristeza e alegria, raiva e amor, podem co-existir e são todos parte da coleção de emoções que as crianças experimentam. Quando você ajuda seu filho a entender seus sentimentos, ele está melhor equipado para lidar com eles de uma forma eficaz.

Um grande obstáculo em fazer isto, que eu vejo muitas vezes no meu trabalho com os pais,  é que presume-se que ter um filho feliz significa que ele precisa estar feliz o tempo todo. (Algo que eu ainda tenho que ficar me lembrando apesar do fato de que os meus filhos estão em seus vinte anos!) Lidando com experiências difíceis,  dores e tristezas e assim dominando as dificuldades é que se constrói  força e resiliência,  que no final das contas é o que traz um sentimento de contentamento e bem-estar às crianças.

Fonte da Imagem


O que os pais podem fazer?

  • Começando nos primeiros meses, estar em sintonia com sons, expressões faciais e gestos do bebê, e responder com sensibilidade, é o que permite que bebês saibam que seus sentimentos são reconhecidos e importantes. Isso pode significar parar um jogo de cócegas com um bebê de quatro meses de idade, quando ele arqueja as costas olha para o lado, sinalizando que ele precisa de uma pausa. Ou levar um bebê de nove meses de idade até a janela para acenar adeus a mamãe quando ele está triste de vê-la sair para o trabalho.


  • Dar nome ás emoções ajuda as crianças a lidar com sentimentos. Emoções como raiva, tristeza, frustração e desilusão pode ser avassaladora para crianças pequenas. Dar nomes a esses sentimentos é o primeiro passo no sentido de ajudar as crianças a aprender a identificá-los e comunicá-las que esses sentimentos são normais. Isso pode significar reconhecer a raiva de uma criança de 18 meses de idade, por ter que sair do playground, validar a frustração de uma criança de dois anos de idade vendo sua torre de blocos cair repetidamente ou empatizar com a tristeza de uma criança de três anos de idade, que vê seus avós indo embora depois de uma longa visita.


  • Não tema os sentimentos. Os sentimentos não são o problema. É o que fazemos, ou não fazemos com eles que pode ser problemático. Ouça calma e abertamente quando seu filho compartilha sentimentos difíceis. Quando você pergunta sobre esses sentimentos, e reconhece-os, você está enviando a mensagem importante de que os sentimentos são valorizados e importantes. Reconhecer e nomear sentimentos é o primeiro passo para aprender a gerenciá-los de maneiras saudáveis ​​aceitáveis ​​ao longo do tempo.


  • Evite minimizar ou tirar a criança dos seus sentimentos. Esta é uma reação natural - nós só queremos fazer os sentimentos ruins ir embora. "Não fique triste. Você verá o João outro dia".  Mas sentimentos não desaparecem:  eles precisam ser expressados de uma forma ou de outra. Reconhecer os sentimentos fortes de uma criança abre a porta para ajudá-la a aprender a lidar com eles. "Você está triste que o João foi embora. Você adora brincar com ele. Vamos para a janela para falar tchau e fazer um plano para vê-lo novamente em breve"? Quando os sentimentos são minimizados ou ignorados, eles muitas vezes se expressam através de palavras e ações agressivas, ou acabam presos dentro das crianças, o que pode, finalmente, fazer as crianças ansiosas ou deprimidas .


  • Ensine ferramentas para lidar com os sentimentos. Se o seu filho de 18 meses de idade está com raiva que acabou a brincadeira, peça para que ele bata o pé no chão o mais forte que ele puder, ou desenhar o quanto ele está irritado com um lápis vermelho. Ajude uma criança de dois anos que está frustrada por não ser capaz acertar a bola na cesta, a debater outras maneiras de resolver o problema. Pegue uma criança de três anos que está com medo de ir a uma nova escola, e a leve para visitar sua sala de aula antes de conhecer os professores e brincar no parquinho, para que o desconhecido se torne familiar.



Reações emocionais de nossos filhos acionam nossas próprias reações emocionais, que podem levar a uma vontade instintiva de precisa resgatar ou "consertar" o que está causando a angústia na criança. Mas é importante que possamos gerir os nossos próprios sentimentos e evitar essa tentação, pois cria uma oportunidade perdida em ajudar as crianças a aprender habilidades de enfrentamento das emoções. Em vez disso, veja essas experiências como momentos de ensino para ajudar o seu filho a aprender a gerir e nomear as emoções – sejam  positivas ou negativas - que adicionam profundidade e cor ás nossas vidas. Mostre ao seu filho que, uma vida rica e cheia significa experimentar ambos os altos e baixos. Os sentimentos não são "bons" ou "ruins" - eles apenas são. Você é o guia do seu filho em compartilhar as alegrias e lidar com os desafios. E isso começa no primeiro dia.

10 de agosto de 2015

O que você precisa saber antes de escolher seu carregador do tipo Mochila

Mochilas são os carregadores que se fixam no corpo do adulto com alças de, presilhas e regulagens pré estabelecidas. Diferente dos panos, como wrap, sling de argola ou pouch, que dependem de amarração, as mochilas são carregadores de bebê estruturados. No entanto, existem alguns tipos de mochilas, que genericamente podem ser separadas em dois grupos:

Não confunda!!

Cangurus X Ergonômicos 

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CANGURUS






Reparem como as pernas do bebê ficam esticadas no modelo Canguru

ERGONÔMICOS




Reparem como as perninhas do bebê e sua coluna ficam fisiologimcamente adequadas nesses outros modelos. 


O famoso "canguru" desperta algumas dúvidas no universo do carregar bebês. Você já deve ter ouvido por aí que esses carregadores não são seguros para bebês e não devemos usá-los. Se de um lado, qualquer bebê genericamente estará mais feliz no colo de alguém que o ama, do que em um aparato como um bebê conforto, de outro vemos alguns modelos de carregadores altamente questionáveis.

E questionáveis por que?

Tanto do ponto de vista da segurança quanto da ergonomia, existem algumas coisas que precisamos saber sobre os carregadores do tipo canguru.

1) Prejuízos nas Articulações do Quadril

Os quadris dos bebês são naturalmente flexíveis. Um carregador apropriado deve imitar a forma como os carregamos e respeitar a forma com que o bebê se posiciona sozinho, quando segurado. Quando pegamos um bebê no colo, ele vai instintivamente encolher as perninhas em uma posição parecida com as pernas do sapo, e a pessoa que o segura vai apoiá-lo no bumbum de forma que sua cabeça fique próxima ao seu rosto, à distância de um beijo. Um bebê maior, vai instintivamente colocar suas pernas em torno da pessoa que o carrega, como apoio. (Pegue seu filho e faça a experiência. Como ele se posiciona no seu colo?)

Posição sapinho assumida instintivamente. Foto daqui


Bebê instintivamente procurando apoio para as pernas. Foto daqui


Um carregador que não é ergonômico (conhecido no mercado como canguru) não vai respeitar esse posicionamento natural do bebê. Forçar o bebê a ter suas pernas esticadas, ou suportar seu peso apoiado em seu quadril ou pélvis pode trazer problemas no desenvolvimento do seu quadril. 

Você pode me dizer: “Mas o meu bebê adora o canguru. Ele fica tranqüilo e não reclama! Não está machucando ele!” A "International Hip Dysplasia Institute" nos dá a seguinte explicação em seu site:

Veja a explicação completa, em inglês, no site da IHDI.

Embora possa parecer que seu filho esteja confortável no carregador, ele está silenciosamente danificando seu quadril sem que você perceba. Portanto, devemos respeitar a posição que o bebê toma, natural e instintivamente. Coisa que não é possível em um carregador estilo canguru. Queremos reforçar aqui que estamos dividindo o conhecimento sobre a abordagem do Instituto de Displasia do Quadril como dado de empoderamento para a escolha informada das mães e pais que optarão por carregar seu bebê no colo com o uso de um equipamento estruturado, mas com a consciência plena de que a parte técnica e científica dessa prática não representam sua totalidade. 

2) Coluna em "C"

Outra ressalva está na posição da coluna do Bebê. Instintivamente, os bebês assumem uma posição da coluna em “C”. As outras curvas da coluna vão começar a se desenvolver mais tarde – a curva cervical quando eles conseguirem segurar a própria cabeça e a lombar quando engatinharem ou andarem.

Coluna do bebê em "C". Foto daqui

Até lá, a coluna não deve ser esticada artificialmente, para evitar problemas no desenvolvimento natural da coluna e desconforto aos pequenos. Além disso, eles ainda não tem músculos suficientes para suportar a própria coluna e os discos intervertebrais não conseguem ainda absorver impacto. 

Ainda, vale apontar que a maioria dos fabricantes dos carregadores inadequados tipo mochila, recomenda o uso para bebês à partir de três quilos. Que é o peso médio de um recem nascido. Nessa idade, os bebês não tem estrutura para sustentar a coluna, sendo que essa informação pode estar bastante equivocada, oferecendo aos pais uma recomendação ruim. 

Leia mais nesse post sobre Slingar Recém Nascidos

Leia mais sobre a anatomia nesse post de Noções Básicas da Anatomia dos Bebês

3) A opção de olhar para o mundo!

Carregadores do estilo canguru promovem seus produtos com a versátil opção de carregar seu bebê olhando para o mundo! Carregar seu bebê olhando para fora não respeita o posicionamento dos quadris, pernas e coluna, além de não dar suporte a cabeça se o bebê dormir.  Salvo as fomas de carregamento agrupado (buda) ou em berço lateral, que apoiam costas e nuca em leve torção no tronco da mãe, formas bem indicadas por exemplo, por pesquisadores da coordenação motora como Marie Madeleine Bérziers e o brasileiro André Trindade.

Leia aqui uma série de citações sobre o trabalho desses profissionais que oferecem contrapontos importantes para o "de frente para o mundo"

Um outro problema discutido nessa posição é a super-estimulação. Quando o bebê se vê estimulado demais, ele não consegue se aninhar na mãe ou se esconder. Ele está forçado a acompanhar tudo que acontece, coisa que não é fácil para ele. Pode ser estressante. Essa super-estimulação pode trazer problemas para dormir, bebês nervosos, que choram muito, simplesmente porque foram forçados a acompanhar tudo que aconteceu a sua frente, sem chance de descansar a vista no peito da mamãe. Alguns bebês mais curiosos, gostam mesmo dessa posição. Que pode ser alcançada com um sling anatômico, posicionado corretamente no quadril ou nas costas.



4) Conforto

Pensando no conforto do bebê, acreditamos que essa imagem ilustre melhor do que qualquer explicação sobre o conforto do bebê quando em um carregador não apropriado. 

"Como você gostaria de passar uma hora?". Foto daqui

5) Preço

Em uma pesquisa rápida online você pode perceber que marcas grandes e famosas vendem esses carregadores tipo canguru. Almofadados, com opcões de cores, garantem um passeio seguro e confortável, e valores abusivos. Você gasta muito mais do que gostaria por um produto que não só pode prejudicar o desenvolvimento do seu bebê, como não será confortável pra você ou pra ele. 

Experimente!

Um sling de argolas, um wrap ou uma mochila ergonômica são facilitadores de colo, entre tantos outros modelos! A anatomia do seu bebê é respeitada, ele se aninha no seu colo com conforto e segurança e você não precisa gastar todo seu dinheiro para isso. Faça você mesma o teste. Venha nos visitar experimente e escolha aquele que mais te agrada. 

Você pode experimentar e escolher o melhor modelo para você em nossa loja na Rua Antônio Vieira de Medeiros das 9h às 117h ou uma de nossas slingadas. Acompanhe a divulgação no Facebook da Sampasling ou veja as datas na agenda.

A Sampachila da Sampasling é um carregador ergonômico, indicado para bebês à partir dos 5 meses preferencialmente que estejam sentando. Ela pode ser usada com bebês de até 3 anos (ou 20kg).

Veja nossas clientes Sampachileiras e conheça mais estampas da Sampachila em nossa loja virtual.







3 de agosto de 2015

Células Protetoras no Leite Materno: para o bebê e para a mãe?

Texto original de MilkGenomics
Em tradução livre pela Sampa Sling

Imagem: Milk Genomics

  • O leite humano contém células imunes para o desenvolvimento infantil e sua proteção.
  • O colostro e o sangue materno têm diferentes distribuições de células do sistema imunológico, sugerindo a migração seletiva de células imunológicas para o leite.
  • Ao contrário de outras espécies, o leite humano maduro contém poucas células do sistema imunológico quando a mãe e o bebê estão saudáveis.
  • As infecções maternas e infantis estimulam uma rápida resposta imuno-celular no leite materno.
  • Células imunológicas do leite humano oferecem uma oportunidade de diagnóstico para avaliar a saúde materna.

Os bebês estão bem protegidos e alimentados enquanto ainda no ventre da mãe, mas o que acontece depois que eles nascem, quando são repentinamente expostos a um ambiente desafiador cheio de partículas novas e invasivas? A mãe entra em cena novamente, fornecendo o leite materno. Este fluido dinámico contém não só os nutrientes necessários para o crescimento ideal do recém-nascido, mas também células imunecompententes ativadas. Dois estudos inovadores mostram que essas células migram seletivamente para o colostro e o leite.

Quais as células que estão no leite?

O leite materno tem sido conhecido por conter células maternas; o que é bem menos compreendido é a proporção de tipos de células diferentes do leite, a sua importância para a mãe e o bebê, e os fatores que as influenciam.

Normalmente, o leite materno é conhecido por abrigar células epiteliais e células do sistema imunológico. As descobertas recentes mostram que a composição celular do leite materno é mais heterogênea do que se pensava e que, entre os diferentes tipos de células, existem celulas-tronco.

As células-tronco, no entanto, não compreendem a maioria das células do leite materno. Relatórios do século passado sugeriam que o tipo de célula dominante no leite humano eram células imunitárias (leucócitos). Um olhar mais atento a estes estudos revela que a maioria deles examinou colostro e leite no período de lactação logo após o parto. Além disso, o estado de saúde da mãe e do bebê não foi levado em consideração em todos os estudos. Assim, a pergunta que ficou sem resposta é: a célula predominante no leite humano maduro, é a célula imunitária? E qual é a sua importância?

Em um esforço para lançar alguma luz sobre essa área, examinamos uma população de mães que amamentavam seus bebês tanto quando eles eram saudáveis ​​e como quando eles tinham alguma infecção.

Uma vez que tinha sido sugerido, já em 1953, que as populações de células imunológicas do leite materno freqüentemente compartilham características morfológicas com populações de células epiteliais, utilizamos a citometria de fluxo para examinar a expressão do marcador pan-imune” de células CD45. 

Isto assegurou que apenas as células imunes e todas as células do sistema imunológico fossem identificadas e contadas. Os resultados foram fascinantes e certamente inesperados. O colostro humano continha um número significativo de células do sistema imunológico (até 70% das células totais do leite), consistente com as necessidades imunológicas dos bebês no período pós-parto. No entanto, nas duas primeiras semanas após o nascimento, o número de células imunes do leite materno diminuiu para um nível de 0-2% do total de células, que foi mantida durante toda a lactação quando a mãe e o bebê eram saudáveis.

Considerando-se o conteúdo celular de leite humano, que varia, aproximadamente, 10.000 a 13.000.000 células/ml2, 0,1% de células imunitárias correspondem a 10 a 13 mil células do sistema imunológico por ml de leite, enquanto que 2% de células imunitárias correspondem a 200 a 260 mil células imunes/ml de leite . 

E dado que bebês amamentados normalmente consomem 470-1350 ml de leite materno diariamente, ingerem milhares a milhões de células do sistema imunológico de suas mães todos os dias. Assim, embora a proporção de células imunes em relação a outras células no leite humano maduro é baixa em condições saudáveis, o número total de células imunitárias ingeridos pelo lactente é significativa. 

O que é mais, demonstrou-se que o nível da linha de base das células imunológicas do leite humano é mais elevada em amamentação exclusiva, que podem ser associadas com a menor incidência de infecções observadas neste grupo. Isto apoia ainda mais a importância do aleitamento materno exclusivo na proteção do bebê.



As Populações de células mudam quando a mãe ou o bebê ficam doentes

Durante os períodos de infecção da mãe ou do bebê, os níveis de células imunes aumentou significativamente no leite materno, mas voltou ao valor inicial após a recuperação. As infecções examinadas variaram de infecções específicas da mama, tais como mastite - o que estimulou a resposta imunitária de células mais extrema no leite materno (que compreende até 95% do total de células!) - a outras infecções da mãe ou o bebê, que incluiu o resfriado comum, infecção gastrointestinal, candidíase vaginal, urinária, dos olhos ou infecção no ouvido.

É notável que uma resposta imune celular no leite materno foi provocada por uma infecção infantil, enquanto a mãe permaneceu assintomática. E, embora esta resposta foi pequena em comparação com infecções do peito, foi, no entanto, consistente. Resultados semelhantes foram recentemente relatados por outro estudo que mostra que a febre infantil estimulou uma resposta celular imune do leite materno, que regressou a um nível basal baixo após a recuperação. Isto foi acompanhado por uma resposta bioquímica paralela do aumento dos níveis de TNFa e de lactoferrina, embora este limite foi significativo e não tão consistente quanto a resposta imune celular.  Nós relatamos resultados similares para lactoferrina do leite materno e imoglobina. É extremamente interessante que as células imunológicas do leite materno respondem rapidamente a qualquer infecção materna ou infantil, sugerindo um papel na proteção da mãe, bem como do bebê.

E o mecanismo é ...?

Estes resultados suportam uma ligação imunológica entre a mãe e o bebê amamentado, reforçando o argumento de "leite humano para bebês humanos". Eles também levantam questões importantes sobre a forma como a infecção do bebê pode estimular uma resposta imune na mama em lactação e se este também fornece proteção local para a mama.

Propusemos que os patógenos infantis orais podem ser transportados para a mama através do fluxo ductal retrógrado durante a ejeção do leite, estimulando assim uma resposta local dentro da mama. Embora este fato mereça uma investigação mais aprofundada, as células imunes do leite materno respondem à infecção do lactente, destacando um componente subestimado da natureza protetora do leite materno. Além disso, reforça ainda mais as funções anteriormente propostas de células imunológicas do leite materno para o bebê: conferir imunidade ativa num momento em que ela é mais necessária e promovendo o desenvolvimento da competência imunológica. 

As Células imunológicas do leite materno exercem essas funções não só no trato gastrointestinal do bebê, mas também em locais distantes por onde são transportados através da circulação sistêmica. Um estudo recente reforça estas ligações, mostrando uma distribuição diferencial de linfócitos entre colostro e sangue periférico materno, com linfócitos B, células T CD4 +, células efectoras e células de memória estarem presentes em maiores quantidades no colostro do que no sangue da mãe. Isto sugere uma migração seletiva destes subconjuntos de células imunitárias do sangue periférico ao colostro, suportando o significado funcional destas células no início da proteção de recém-nascidos e, potencialmente, refletindo o estado diferente do ambiente da mama, durante o período pós-parto.

Oportunidades de diagnóstico

A resposta das células imunes no leite materno, então, é um mecanismo de proteção não só para bebê, mas também da mama em lactação? Ele pode ser usado como uma ferramenta de diagnóstico para a avaliação do estado de saúde da mama em lactação? 

Surpreendentemente, a mama em lactação é o único órgão em estado metabólico no corpo humano que não tem qualquer teste médico de normalidade. Contagem de células somáticas é um parâmetro rotineiramente utilizado na indústria de laticínios para avaliar a qualidade do leite de bovino e a presença de infecção intramamária. Os dados atuais sobre o leite materno refinam este teste, especificando para células do sistema imunológico e estendendo-se a lactação humana. Obviamente, existem diferenças nas populações de células entre o leite humano e bovino, sendo que com este último que contém grandes quantidades de células imunocompetentes em toda a lactação.


Apesar destas diferenças, a infecção intramamária, como a mastite, causa aumentos significativos em ambos os totais (somáticos) de células imunes em ambos leites bovino e humano, sugerindo que esses parâmetros podem ser uma ferramenta valiosa para o diagnóstico precoce das condições de mama em mulheres, seguido de um tratamento bem sucedido. 

A importância disto não pode ser subestimada, sendo a mastite uma das principais causas de desmame precoce e interrupção do aleitamento materno. O diagnóstico precoce é suscetível de ser fundamental para o sucesso do tratamento, permitindo assim uma maior duração do aleitamento materno e garantindo o início saudável para a criança, bem como benefícios multidimensionais para a mãe. Prevê-se que à medida que aprendemos mais sobre as células imunológicas do leite humano e fatores que as influenciam, um entendimento e apoio mais profundo serão desenvolvidos para os atributos e qualidades deste presente maravilhoso, o leite materno.

Texto original de MilkGenomics
Em tradução livre pela Sampa Sling