22 de junho de 2016

Por que a Slingada é uma marca registrada? Rosângela Alves explica

Sling é um nome em inglês.
No nosso contexto, poderia ser traduzido como rede, ou tipóia.
Mas essencialmente é também um verbo, para pendurar, içar, carregar…


No exterior, a prática de carregar um bebê com o auxílio de um suporte, se chama Babywearing. Quer dizer, literalmente, Vestimento de Bebê. Aqui no Brasil, "Slingar" foi um dos neologismo adotados para traduzir essa ação, de carregar o bebê. Muito embora a alcunha "Babywearing" esteja sendo usada cada vez com mais força. 

Quando a Sampa Sling em 2005 começou a fabricar seus carregadores, a prática do Babywearing contemporâneo era muito incipiente. Se hoje, ainda somos olhadas como mulheres "alternativas" (para não dizer verdadeiras aberrações) carregando um bebê amarrado ao corpo, naquela época nem palavras existiam para definir o que estávamos fazendo.

Eis que muito antes de uma empresa de carregadores, em um tempo em que poucas pessoas conheciam a prática de carregar bebês com panos, já aconteciam eventos em torno desse tema. Uma mulher mais experiente, encontrava outras menos experientes, e passava seus conhecimentos. Em poucos encontros, a sabedoria se multiplicava. Era transmitida para alguém lá em casa, era colocado em um vídeo na internet, também ainda muito tímida, há quase 10 anos.

Para além de celebrar uma cartilha de regras de como carregar seu filho no colo, esses primeiros encontros eram de troca, empoderamento. De conhecimento e troca sobre colo, afeto, amamentação, e cura para as dores do parto. Eu, Rosângela, com o tempo, deixei de ser aprendiz. E os encontros ganharam um nome: vamos fazer uma SLINGADA?

Esta é a primeira Slingada, na casa da Analy

Era um evento informal, que acontecia no quintal da casa de alguém. Você pode ler mais sobre a história da primeira slingada aqui. E nesta interessante postagem original, da Analy Uriarte, a precursora da cultura de colo no Brasil urbano. Alguém trazia um bolo, os bebês brincavam. As puérperas saíam de casa e se apoiavam para seguir carregando seus bebês, como até há pouco faziam com tranquilidade nas barrigas.

Quando eu assumi a Sampa Sling, a Slingada já era uma característica atrelada da marca. E não havia ninguém fazendo nada parecido, afinal das pouquíssimas marcas que atuavam na confecção e venda de slings, apenas a Sampa Sling investia nos encontros presenciais.

E investir significava dedicar um fim de semana por mês, no mínimo, para estar ali. Presencialmente, atendendo quem quisesse saber. Dividindo o que eu havia aprendido. Dedicar um outro tanto de tempo para encontrar um lugar, para informar as pessoas. Investir significava muitas vezes ficar sem vender um único sling por muitos meses! Ou ter uma Slingada de quatro horas com apenas uma participante. Fazer slingada em protesto, na chuva, na sala de casa. Trabalhei muito!

Em 2011 junto com o Materna em Canto - na Marcha em defesa das Obstetrizes
Em 2012 no Espaço Nascente
No Sesc Interlagos
No parque da criança
Na livraria 
A Slingada se oficializou como evento permanente em vários espaços (veja a agenda de Slingadas

Em 2015 abri minha própria loja física, o Espaço Sampa Sling que é a casa oficial da Slingada, gratuita e permanente.
Com o advento da internet, com os avanços das pesquisas científicas acerca da criação com apego - que começaram a provar o que a gente já sabia, que colo é bom, amor não faz mal - os slings começaram a ganhar mais espaço no gosto e na prática das mães contemporâneas. E com isso, muita gente começou, assim como eu, a fazer da confecção e venda de slings e outros carregadores, uma atividade profissional.

Nesse crescente, outros encontros para consultoria e venda de slings começaram a ser organizados! Ótimo! Sempre entendemos nosso negócio como algo positivo para o coletivo, e quanto mais mulheres aprendessem e pudessem ter acesso a um carregador de pano, maior impacto para os bebês, melhor para o mundo! Para mim, para minha marca, para as pessoas que eu atendo e para o mundo, o carregador de pano é uma Tecnologia Social. Um jeito de melhorar a vida. Isso faz parte da minha abordagem de trabalho há quase dez anos. 

Em 2014 eu comecei a fazer Slingadas Solidárias no Amparo Maternal. Coleto doações de carregadores e vou até o amparo, me disponibilizando a compartilhar o que eu sei com mães que estão em situação de risco. Tenho aprendido mais com elas do que elas comigo, certamente. 

Mas, muitas vezes esses encontros que são organizados em diversas partes do país, não celebram os mesmos valores, construídos mês à mês, bebê à bebê, da Slingada Sampa Sling. É natural que com a crescente adesão ao carregamento com facilitadores de colo, várias visões e abordagens tenham surgido.

Então começamos a ver consultoras optando por fazer workshops pagos sobre slings: e chamavam de Slingadas.
Vendedoras que faziam uma venda especial em um determinado dia, sem prestar atendimento de consultoria: e chamavam de Slingada.
Pessoas organizavam eventos com entrada paga: e chamavam de Slingada.
Confecções de slings ofereciam cursos de formação para futuras consultoras: e chamavam de slingadas.
Venda casada de slings - o cliente comprava o carregador e tinha que pagar pela consultoria: e chamavam de slingada! 

:(

Assim, foi uma decisão da marca Sampa Sling reservar os direitos de uso de nosso trabalho, construído com base nos valores que celebramos, através do registro de Slingada. 

Slingada é o encontro sobre slings da Sampa Sling. 

E fazemos votos para que todos os empresários, micro empresários, pequenas e grandes iniciativas que trabalham com a difusão do carregador de pano possam se inspirar pela nossa história para criarem, organizarem e nomearem seus próprios eventos, cursos, palestras, encontros e workshops. 

Neste ano de 2016 eu enviei o primeiro lote de carregadores da Sampa Sling para Londres. Eles fazem agora parte do acervo do encontro de slings de lá, que se chama Sling Library - e trabalha com um esquema de empréstimo e aluguel de carregadores com educação voluntária para seu uso

A Slingada atua com base na abordagem criada pela Sampa Sling, em parceria com outras mulheres, mães e profissionais do colo: uma abordagem humanizada, cujas diretrizes estão sendo trabalhadas há anos, mas que recentemente ganhou um nome oficial. Colo Com Amor (à partir da palestra do III Simpósio de Assistência ao Parto, onde eu tive o prazer de apresentar, junto com Tatiana Tardioli, os preceitos da nossa abordagem de carregar, que leva consigo toda essa história). 

Vamos falar muito de Colo Com Amor por aqui!
Para finalizar, deixo registrado:

A Slingada é:


- Gratuita;
- Colaborativa;
- Oferece consultoria sem custo para qualquer pessoa interessada;
- Independente do produto (ou seja, as pessoas podem vir na Slingada e trazer qualquer marca de carregador que serão carinhosamente assessoradas, sem julgamentos, sem opressão);


A Slingada almeja:


- Estar em cada vez mais espaços;
- Difundir a abordagem de carregamneto Colo Com Amor;
- Alcançar cada vez mais pessoas;
- Respeitar sua história e valores originais.
- Honrar o caráter intuitivo e aspectos integrais do uso dos facilitadores de colo e das características individuais de cada bebê, mãe e família.

com carinho,

Rosângela Alves