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6 de junho de 2016

O colo é maior que o pano - sobre slings e tokens

Este é um texto dedicado às profissionais dos facilitadores de colo. Ele registra uma parte do processo de reflexão e aprendizado da Sampa Sling, enquanto uma das marcas pioneiras na fabricação de Slings no Brasil e referência nacional para seu uso. 


Você já ouviu falar em tokenização?

Essa é uma palavra esquisita, mas que resume um fenômeno muito comum em alguns polos de discussão, especialmente que tratam de feminismo e racismo.

Seria algo assim: usar um grupo, ou a experiência de um grupo - normalmente um grupo explorado, oprimido ou que sofreu algum apagamento - para tirar vantagem própria, justificar sua conduta ou validar seu discurso opressor.

Como por exemplo, quando alguém é acusado de racismo e diz "eu não sou racista porque até tenho um amigo que é negro". 

No nosso mercado, não é incomum que usemos as experiências de maternidade de outras mulheres como token. Em especial quando tratamos de carregamento ancestral e suas infinitas modalidades. Este texto é para levantar essa reflexão e pensar em formas de evitar esse comportamento duvidoso. 

Vamos fazer uma pausa aqui para pontuar que toda produtora de Sling contemporâneo trabalha em um lugar de desdobramento da cultura ancestral do carregar. Mas que se trata de uma releitura do passado em moldes atuais.  Nenhuma de nós ou nossas clientes jamais vivenciará as experiências de maternidade das culturas ancestrais, inclusive da prática do carregamento no colo. À menos que esteja ainda imersa nessa cultura, recebendo conhecimento e influência ascendente-descendente. Veja esse vídeo, que ilustra como a prática do carregamento é transferida de avó para mãe, de mãe para filha. E como isso se difere de como hoje a mãe contemporânea tem aprendido e escolhido suas práticas.




Voltemos à tokenização na nossa comunidade de carregadores de pano. 

Vamos supor que você vende carregadores de pano de um determinado tecido. Sem dúvida, você acredita na qualidade do seu produto e investe muito em contar sobre isso. Isso é ótimo, não há críticas aqui. Mas, não raro, é parte do seu discurso que para valorizar seu próprio produto você precise comparar o produto de outro alguém, que vende carregadores de outro material. E nessa comparação você diminui o produto do seu concorrente.

Não por maldade, mas porque você acredita que sua opção é superior. Você faz questão de pontuar os prós do seu produto e os contras do produto da outra. Essa é uma escolha que você fez: ao vender o seu peixe, você escolheu essa linha de argumentação - da qualidade do produto, da superioridade do seu tecido. Abordagem tecnocrata.

Pois bem, a parte técnica do seu argumento de venda está em perfeitas condições. Mas os aspectos sutis do mercado que você representa perde um pouco quando você fica insistindo no tipo de tecido ideal para o carregamento. Que aspectos? Cultural por exemplo.

Bate aquela vontade de valorizar também as mulheres maravilhosas que mantiveram vivo o colo na humanidade. Porque sabemos, se dependesse das indústrias bebês estariam todos em berços, carrinhos e cadeirinhas. 

Então, para dar aquela sensação de que sua linha de discurso não é também assim, somente técnica e baseada nas características dos avanços industriais dos tecidos, (afinal você trata com mães e bebês, e parece ser necessário dar conta desses aspectos sutis também)  vira e mexe você posta nas suas redes sociais fotos assim. 

Ai que lindo! 


Adoroooo!


Carregador Maravilhoso!

Fotografias de Beatrice Fontanel no Livro: Bebés Du Monde


Percebeu? Usa a história, a bagagem, a experiência antropológica de grupos e culturas- nesse caso sim, largamente oprimidos - para criar um falso senso de validade para seu próprio negócio. Que nunca usou a pluralidade como argumento de venda, uma vez que escolheu hierarquizar a tecnologia dos tecidos. 

Isso valeria também para as posições do bebê, os tipos de amarração, as indicações de uso de cada formato de carregador.  Isso é tokenização.

Transportando esse fenômeno para outras áreas relacionadas do nosso universo, seria como: 

  • Um obstetra que tem taxas de 90% de cesáreas eletivas usar fotos de partos humanizados para decorar o consultório.
  • Uma empresa que fabrica leite artificial usar em uma campanha digital fotos de mulheres amamentando em um protesto, dizendo ser também um aliado da amamentação.
  • Uma corporação que vende bebidas açucaradas ser patrocinadora de um evento esportivo que tem foco na promoção de saúde. 

Como vocês podem ver, a tokenização é um hábito muito normalizado, que serve para "lavar" um comportamento incongruente com o que seria socialmente aceito. Ninguém quer se reconhecer racista. Então usa o amigo de token para limpar a própria barra.

Ninguém quer renegar a pluralidade do carregamento de bebês pelo mundo. Mas quando escolhe tecnocratizar o acesso e a prática dos carregadores, fica numa posição conflitante. E Tokeniza.

Como escapar disso?

O colo é maior que o pano
Nossa prática tem mostrado que os argumentos de venda para o carregamento de bebês não estão e nunca estiveram atrelados ao produto. É claro que bons tecidos, aspectos de segurança, ergonomia e outros dados de qualidade precisam ser observados com muita atenção por quem escolhe transformar o colo e os carregadores em prática profissional. Mas essas questões, quando sobrepostas às finalidades do produto e da prática - vínculo, facilitação da amamentação, emancipação da mulher entre outras - levam ao beco sem saída da incoerência. Na prática do colo e carregadores de bebê enquanto atividade profissional, as finalidades não podem ser apagadas pelos meios.

De olho na apropriação cultural
Temos elaborado muitas reflexões acerca da apropriação cultural do carregamento no pano, na medida que entendemos que nossa prática precisa sempre atribuir valor às culturas, experiências e características de todas as modalidades de carregamento. É só por elas que o colo sobreviveu. Assim, conhecer, divulgar e atribuir valor ao contexto histórico, antropológico e cultural que nos trouxe aqui, inclusive fazendo os recortes de raça que são tão necessários, é de extrema importância. Leia mais aqui sobre apropriação cultural

Mais escuta, menos julgamentos
Não somos a polícia do Sling. Fizemos a escolha de respeitar e acolher as pluralidades dessa prática. Existe uma tendência no trato de mulheres que se tornam mães por parte dos mais variados profissionais, de apagar o universo riquíssimo de conhecimento, intuição e potência que cada pessoa trás consigo. Não compactuamos com a abordagem fragilizante das mulheres e mães, tratando-as como se fossem incapazes. Nosso compromisso é apoiar com escuta antes de querer impor "o nosso jeito" para essa ou aquela mãe, acreditando que está nela a possibilidade de descobrir seu jeito de maternar.

Há espaço para todos
Na gana de competir por nichos de mercado é que surgem essas vontades de ser superior, ser melhor, tomar a frente e por fim: oprimir e usar discursos distorcidos sobre o carregamento de bebês no pano. O risco de ser preconceituoso, cair na apropriação das culturas e tokenizar a maternidade alheia é mais alto quando você entra no modo "competição". Somos partidários da cultura da abundância, entendemos que há espaço para todos e fazemos nosso trabalho dentro das balizas técnicas e éticas. Não nos comparamos com outras marcas. Foco no trabalho dia a dia, o sucesso é resultado.

Revisão, Reflexão, Sempre
A Sampa Sling permanece em constante processo de mudança. Tanto do ponto de vista da melhoria dos produtos, quanto das práticas. Tanto no atendimento para os clientes como da nossa missão e propósito. Não existem argumentos ou regras que tenhamos criado que não possam ser revistos se isso significar mudança para melhor. Nosso compromisso está sempre em fazer o bem, para um grupo cada vez maior de pessoas e com foco no aumento de benefícios para todos os envolvidos. 

12 de abril de 2016

O colo de mãe resiste

Você já deve ter ouvido falar por aí de uma série de "regras irrevogáveis" para o carregamento de bebês com o auxílio de um pano, vulgarmente conhecido como Babywearing.

Há quem invista tempo e energia em provar que existe somente um tipo de tecido recomendado. Há quem invoque a profissionalização urgente da prática. Há quem sugira que seu próprio conjunto de crenças é a única e exclusiva possibilidade para 100% dos bebês. Há quem diminua e descredibilize a experiência de outras abordagens para o carregamento dos pequenos.

O fato é que, como atuantes da prática comunitária que favorece o carregamento de bebês através das múltiplas possibilidades de aparatos, prática que que tanto amamos, temos visto discursos autoritários e rígidos ganhando força aqui no Brasil, supostamente apoiados por "estudos científicos". 

Se por um lado a ampliação do conhecimento técnico humano sobre qualquer área nos permite evoluir e melhorar (e por isso somos gratos), se por um lado ainda a prática comercial da fabricação e venda de carregadores de bebê, bem como consultorias para o tema, tem representado fonte de renda e empoderamento para muitas mulheres mães (e por isso igualmente lutamos), por outro essa parcela tecnocrata do carregar bebês parece ter perdido de vista o básico, sob discursos que escorregam pelo fetiche de conquistar e dominar o que é de todos.

Mas o colo de mãe resiste.

Mãe e Bebê no Alaska - fonte da imagem

Desculpem-nos pesquisadores e grandes estudiosos da ciência, e deêm nos licença os porta-vozes comerciais dessas supostas regras, mas é (antes de tudo!!) natural e intuitivo, o hábito milenar de se carregar os bebês no colo com o auxílio de um pano. E isso se expressou nas mais variadas culturas ao longo da existência da humanidade. E isso foi fundamental para a nossa sobrevivência do amplo ponto de vista da evolução. E isso foi, e é ainda, praticado por inúmeras mulheres mães, em inúmeros tipos de carregadores com inúmeras variedades de tecidos e posições inúmeras para seus bebês.

O nome dessa sistematização e imposição de prática única é colonialismo. 

E o colonialismo, como sabemos, tem seus requintes racistas e opera em benefício próprio. E o colonialismo, como sabemos, atua perniciosamente vendendo um suposto benefício para todos, mas mascara o apagamento das possibilidades já vivenciadas e construídas por muitos. O colonialismo, como sabemos é verborrágico, insistente e usa o medo como forma de controle. E naturalmente, se contrariado, costuma apelar para a violência explícita.

Podemos interpretar essa necessidade de colonizar a prática do outro como uma grande paixão narcisista por sua própria atividade, o que viria de um desejo genuíno, mas falacioso, de fazer o bem. Ou podemos ainda entender que as necessidades mercadológicas dentro do crescente mercado de carregadores e consultoria - enquanto atividade comercial - tem seu papel atuante nos discursos rígidos insurgentes. Mas essas motivações pouco nos importam.

Nos importa ampliar a reflexão, reforçando nossa missão de empresa atuante no mercado e na cultura do colo de mãe. O colo resiste.

Crianças no Vietna - Foto Anna Aleksandrova - National Geographic

E para tanto levantamos aqui o exemplo da controvérsia que permeia os Aguayos e Chumpis, tradicionais formas de enrolamento e carregamento de bebês e crianças Andinas. Em sua pesquisa de doutorado a socióloga boliviana Ivonne Martinez relata como as tendências européias para os cuidados de puericultura influenciaram as tradições do povo andino-boliviano. "Componentes psicomotores y psicosociales del aguayo y el chumpi en la crianza infantil" é o livro que revela a existência de uma etno-medicina, ligada à etno-andino-psicologia. Abordagens para o tratamento do assunto de carregar bebês no colo que estão para além das recomendações técnicas. Que tem à ver com o cuidado físico e emocional de crianças em seus contextos, no caso desse estudo em específico, de herança Andina.

Alguns trechos traduzidos do livro da professora Ivonne Ramirez você verá aqui, no blog da Sampa Sling.

Queremos com esse exemplo pontuar que culturas foram totalmente dizimadas por essa visão eurocêntrica do mundo. De acordo com Ramirez, na tradição Boliviana de carregar bebês no colo não foi diferente.

Bebê Boliviano - foto NPR


À despeito das tradições milenares dos indígenas brasileiros e seus bebês na tipóia, para a mãe contemporânea e especialmente urbana, a comunidade de carregamento de bebês no colo aqui no brasil é relativamente jovem. 

Se por um tempo estávamos trabalhando pelo resgate da prática contra os interesses de grandes indústrias que lucram não apenas com aparatos caríssimos e requintados para o carregamento de bebês mas também com as potenciais consequências da falta de colo, vínculo e amor, agora temos que resistir também aos discursos daqueles que, como nós, também acreditam nos benefícios dos facilitadores de colo: mas insistem no monopólio de práticas e no apagamento da história e cultura alheia.

Só que o colo de mãe resiste.

Mãe e bebê na Etiópia - Fonte da Imagem

Não aceitamos que a ancestralidade, pluralidade e liberdade do carregamento de bebês no colo, através do mundo inteiro, seja invadida por aquilo que supostamente rezam as cartilhas científicas da Europa apenas. Protegeremos o a parte que nos cabe da cultura de colo Brasileira, de modo que ela possa se desenvolver dentro de suas peculiaridades e heranças multi culturais. Nosso modo de assim fazê-lo é mantendo nosso compromisso diário de estimular e apoiar o vínculo entre pares, os humanos dessas relações, o amor, a finalidade e não apenas o meio.

Renovamos aqui os votos da Sampa Sling em manter-se como referência em carregadores de pano em esfera nacional, contribuindo para a criação, implantação e disseminação do carregar bebês brasileiro, com respeito às heranças culturais, investimento no empoderamento feminino, aprendizagem constante, ampliação de acesso e liberdade baseada em escolhas informadas para cada binômio peculiar de mãe e bebê. 

Mãe e bebê Ka'apor - Fonte da Imagem


27 de janeiro de 2016

9 Super idéias pra Slingar seu Bebê no Carnaval

Em ritmo de carnaval a Sampa Sling separou 9 idéias super legais para você pular carnaval slingando seu bebê. 
Que tal entrar na brincadeira e compartilhar com a gente como seu sling entrou na folia?

Mande sua foto para a gente!



Ladrões de Banco, e seu "saco de dinheiro" idéia simples e divertida da Wrap your Baby.

A família toda pode entrar na brincadeira! Olha que graça essa família Mario Bros!

Seu sling pode virar um saquinho de pipoca! Aesthetic Outburst

Quem gosta de sushi? Seu mei-tai pode se transformar em um delicioso petisco de carnaval! Cool Mom Pics

 Seu bebê pode ser uma aranha preso a mãe-teia. Ideia simples e divertida! Mamabee.com


 Para quem gosta de Star Wars, um chapéuzinho e um penteado já dão um resultado bacana. Você de Princesa Leia e seu bebê de Ewok. Foto: Camp Ground Cubs
Também para os amantes de Star Wars, que tal encarar o desafio dessa super-produção? Foto: Wrap your Baby 
Vilma Flintstone e seu pequeno Dinossauro. Idéia da BK Tribe

Você pode tirar aquela antiga fantasia de pirata do armário e com um sling de argola, seu bebê pode ser um colorido papagaio! Foto: Wrap your Baby

19 de janeiro de 2016

Slingando Recém Nascidos: Argolas para bebês grandões


No penúltimo capítulo da web série Slingando Recém Nascidos conversamos sobre bebês maiores, que podem ser colocados no sling de argolas na posição para amamentar, ou recostados na mamãe com as perninhas para fora. O Sling, como um facilitador de colo, se adapta às condições e demandas do binômio mãe e bebê. Observando pequenas ações para garantir a segurança - como o rostinho do bebê em posição visível - é possível usar esses práticos tecidos para facilitar a rotina do cuidador com muito carinho e contato com o bebê.



Veja os outros capítulos da série:




4 de janeiro de 2016

Camila e Enzo



A Sampa Sling começa o ano compartilhando com vocês um momento muito emocionante para nós.

No fim do ano de 2015 recebemos a visita da Camila, mãe do Enzo. Ela e o marido são deficientes visuais e vieram à nossa loja a procura de um facilitador de colo.

Tivemos a oportunidade de ajudá-la a entender e amarrar seu bebê em um wrap, aprendizagem que vamos levar por toda a vida.

Camila, mãe do Enzo

Esperamos que a conquista da Camila motive outras mães e pais a carregarem seus bebês independente das dificuldades que a maternidade pode trazer. A prova de que a utilização dos carregadores de pano é muito mais intuição do que um conjunto de regras.


Compartilhamos com vocês então, uma das tentativas da Camila, acompanhada de um poema de Fernando Pessoa. E com isso, desejamos a todos vocês um ano novo de muita intuição, muito amor e muito colo!

"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."


21 de setembro de 2015

Estudos sobre Babywearing Parte 3: O futuro das Pesquisas

Texto original por Babywearing International
Em tradução livre pela Sampa Sling

O post de hoje é o terceiro de três posts sobre Babywearing Pesquisa de Steffany Kerr, Mestre em Babywearing e Educadora da Babywearing Internacional de Oahu. Steffany tem um foco de examinar métodos de instrução babywearing com populações de alto risco e instrução babywearing como uma intervenção bem-estar social de investigação.

Nas duas primeiras partes desta série de três partes, eu esbocei equívocos comuns sobre pesquisas de babywearing e forneci uma breve análise sobre os benefícios e limitações das pesquisas disponíveis atualmente para a nossa indústria. Agora, na Parte 3 desta série, vou discutir os atuais esforços dentro da indústria de babywearing para aumentar a disponibilidade de informações e criar uma base específica de pesquisas de babywearing. Este artigo não vai tocar em todos os esforços de pesquisa, mas irá destacar algumas medidas coletivas.

Foto do Center of Babywearing Studies


Journal of Babywearing Research and Practice

Conforme descrito na Parte 1 desta série, o processo de concepção e realização de pesquisas é longo e árduo. Enquanto há um punhado de indivíduos dentro da indústria de babywearing realizando pesquisas, eles muitas vezes experimentam barreiras ao tentar publicar suas pesquisas. Para ter algo publicado, eles precisam ser submetidos e aprovados por revistas acadêmicas dentro de disciplinas relacionadas. Embora os profissionais que realizam pesquisas sejam bem estabelecidos em suas disciplinas, a prática de babywearing ainda não é vista como uma intervenção significativa em muitas profissões. Por causa disso, pode ser muito desafiador ter um trabalho específico de babywearing publicado em uma revista acadêmica. Sem publicação, é igualmente difícil divulgar informações de qualidade para os profissionais de fora da comunidade de babywearing e estabelecer a prática como uma intervenção eficaz.

Para enfrentar estes desafios e criar um espaço para a publicação de pesquisas de qualidade, um pequeno grupo de profissionais estabeleceu uma revista específica, acadêmico. O Journal of Babywearing Research and Practice está no processo de desenvolvimento de uma plataforma de fonte de informação e criação de uma equipe de avaliação composta por acadêmicos e pesquisadores de uma variedade de disciplinas. Essa publicação está programada para lançamento no outono de 2015, com edições trimestrais destacando pesquisas de qualidade específicas do setor. Este esforço envolve muitos desafios tecnológicos, requer investimento de capital, e necessitará de concessão de financiamento e apoio fiscal diversificado. Para atualizações sobre este esforço, siga o Journal of Babywearing Research and Practice no Facebook.

Comitê de Pesquisa Internacional

Aumentar a qualidade e a quantidade da pesquisa sobre babywearing dependerá da existência de pesquisadores dispostos a empreender estudos relacionados com babywearing. Dentro da BWI, existe a Comissão de Pesquisa. A comissão, composta por uma equipe de profissionais de uma variedade de disciplinas, tem o objetivo de reunir os recursos intelectuais para aumentar a pesquisa específica de babywearing. Pesquisadores dentro desta comissão estão abordando projetos como revisões de literatura e investigação referentes a intervenções de base comunitária e clínicas, bem como pesquisas de questões de competência culturais dentro da indústria de babywearing.

Comitê de Pesquisa da Indústria de Carregadores

Comitê especificamente dedicado à realização de estudos de babywearing específicos, tais como revisões de literatura e operações Think Tank. O BCIA também está trabalhando na coleta de dados com o objetivo de auxiliar os fabricantes e os educadores na formulação de práticas baseadas em evidências e tomada de decisões.

Outros esforços individuais

Dentro da indústria da educação em babywearing, há um punhado de pesquisadores que realizam estudos específicos. Esta lista não é all-inclusive e não destaca cada estudo em andamento, ainda que destaque alguns projetos em curso para aumentar a base de investigação específica de babywearing:

- Lela Rankin Williams, Ph.D., VBE, Professor Associado da Escola de Trabalho Social da Universidade Estadual do Arizona, está conduzindo um estudo de intervenção de base comunitária para avaliar quantitativa e qualitativamente os benefícios de babywearing dentro de uma população vulnerável. Ela está trabalhando com mães jovens (15-22 anos) para comparar aqueles que receberam auxílio parental de uma agência com aqueles que receberam o mesmo auxílio, mais um carregador, em medidas de apego, saúde e depressão pós-parto, a ansiedade e stress. As mães recebem um carregador quando seus bebês tinham entre 2-4 semanas de idade e são acompanhados de 3 e 6 meses depois.

- Steffany Kerr está trabalhando em parceria com iniciativas baseadas na comunidade de saúde pública e programas de educação parental para determinar a eficácia do uso de babywearing como uma iniciativa de prevenção do abuso no interior do estado do Havaí.

- Joanna McNeilly, Presidente e Fundador do Centro de Estudos de Babywearing, está trabalhando para replicar os resultados, ilustrando eficácia para o uso de carregadores de bebês como um meio de aumentar as taxas de amamentação.

- Dr. Henrik Norholt, oficial Oficial da Ciência da ErgoBaby, está estudando o uso de carregadores de bebê como uma intervenção clínica para promover apego e apoiar o desenvolvimento da criança.

- Rebecca Verde Morse, Educadora de Babywearing, estuda o uso de portadores de bebê como uma UTI-Neo e intervenção no âmbito da programação do estado.


Conclusão

Ao longo desta série, eu abordei algumas das lacunas específicas de pesquisas babywearing. Embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer para alargar a nossa base de pesquisa, existem algumas medidas coletivas que visam não só preencher a lacuna, mas também ilustrar a eficácia e as limitações de utilizar babywearing como uma intervenção clínica e de base comunitária. Embora este artigo não tenha exaustivamente detalhado cada iniciativa de pesquisa relevante, tem servido para destacar alguns esforços dentro da indústria que estão em andamento. Pesquisa gera pesquisa, e enquanto nós normalizamos a prática de babywearing dentro da base de pesquisa acadêmica, nós inerentemente incitaremos mais pesquisas específicas de babywearing dentro de disciplinas relacionadas também. Criar uma base para o estudo de temas relacionados ao babywearing vai levar tempo. Estamos fazendo progressos, no entanto, na organização de iniciativas de pesquisa coletivas de indústrias para criar uma base profissional para a prática de babywearing.

Leia a parte 1: Mal entendidos comuns
Leia a parte 2: Estudos Relevantes

10 de setembro de 2015

Estudos sobre Babywearing - Parte 2: Pesquisas Relevantes

Post Original da Babywearing International
Em tradução livre pela Sampa Sling

O post de hoje é o segundo de três posts sobre Babywearing Pesquisa de Steffany Kerr, Mestre em Babywearing e Educadora da Babywearing Internacional de Oahu. Steffany tem um foco de examinar métodos de instrução babywearing com populações de alto risco e instrução babywearing como uma intervenção bem-estar social de investigação.

Na Parte 1 desta série, eu discuti alguns equívocos comuns sobre as pesquisas relacionadas a babywearing e mencionei brevemente alguns dos recursos que estão atualmente disponíveis. Agora, eu vou entrar em mais detalhes sobre as fontes relevantes de forma que possamos usar pesquisas dentro de outras disciplinas relacionadas. Esta não é uma revisão da literatura acadêmica aprofundada; outros profissionais da indústria estão atualmente realizando esse projeto. Eu não vou fornecer uma análise profunda e expansiva de todos os estudos relevantes sobre cada tema, nem vou abordar cada possível pergunta da pesquisa. Minha intenção com esse texto é destacar informações de estudos relacionados que podem ser úteis, enquanto saliento as limitações das pesquisas que não são exclusivamente para babywearing. Alguns dos temas discutidos vão provocar uma resposta contenciosa pois eles são temas quentes dentro da indústria. Eu não vou fazer qualquer declaração sobre as melhores práticas neste artigo. Minha esperança é equipar babywearers e educadores de babywearing com a capacidade de olhar para as pesquisas disponíveis através da lente de um pesquisador, para obter uma visão sobre o que temos de construir a partir disso, e para identificar as lacunas que temos de abordar.

Saúde do Quadril


Como indústria, nós temos uma boa quantidade de informações disponíveis através de pesquisas de disciplinas relacionadas à respeito do desenvolvimento do quadril. O International Hip Dysplasia Institute é uma fonte que é comumente mencionada nas discussões sobre posicionamento do bebê no carregador. O IDHI afirma que o uso de um bebê em um transportador que não oferece suporte ideal ao quadril ou de uma forma que coloque as pernas do bebê juntas "pode ​​contribuir para a displasia de quadril." Este sentimento é muitas vezes transmitido de pessoa para pessoa, em toda a comunidade babywearing, muitas vezes com a intenção de comunicar certas posições ou alertar para tipos de transportadores que não são seguros e podem causar displasia do quadril. Não há dados para apoiar esta conclusão. Os estudos não foram realizados e essa conclusão não é de todo apoiada por pesquisas. O Artigo Healthy Hips-Busting Some Myths aborda este tema com uma breve revisão de estudos relevantes, e leva o leitor a tirar conclusões sobre o posicionamento das melhores práticas, correlacionando incidentes de displasia da anca às práticas de babywearing tradicionais e posicionamento. Infelizmente, como a comunidade de pesquisa muitas vezes lembra a seus alunos, a correlação não implica a causa. Embora possa parecer que estes estudos relacionados podem ser fontes úteis para tirar conclusões sobre o posicionamento das melhores práticas e a prevenção de problemas de quadril, os dados só fornecem correlações soltas. Estudos de controle para as posições específicas de transporte de bebês e/ou o uso de slings ou carregadores em qualquer amostra estatisticamente significativa ainda têm de ser conduzidas, o que significa que ainda não temos dados para apoiar a noção de que certos transportadores ou posições podem causar ou evitar problemas de quadril.


Um estudo conduzido por Bracken, Tran, e Ditchfield (2012) destaca os desafios de tirar conclusões concretas à partir de estudos de displasia de quadril atuais: "displasia do desenvolvimento do quadril (DDH) é uma entidade mal compreendida, compreendendo um espectro de anomalias que, em um final, se sobrepõem com a maturação do quadril normal. A definição de DDH é variável, o que afeta a incidência publicada e faz comparação entre vários estudos difíceis. "(P.963) Não só nos falta uma investigação específica de babywearing sobre transtornos do quadril, mas nós também não temos quaisquer dados concretos sobre o efeito do uso tipos específicos de portadores de bebê com bebês diagnosticados com algum do espectro de desordens do quadril, que são muitas vezes aglomeradas em um diagnóstico displasia da anca. Este artigo também afirma: "Dois pequenos estudos randomizados têm mostrado que os quadris estáveis ​​com displasia leve no US (ultra-som) podem ser observados com segurança durante 6 semanas, antes de iniciar o tratamento, sem nenhum efeito adverso sobre o resultado," (p. 968), que traz a questão de como este achado poderia ser aplicado a estudos que esclarecem como babywearing pode ser melhor aplicado como uma intervenção durante este período de "esperar para ver".

Enquanto nós temos um número significativo de estudos em torno da saúde do quadril e prevenção e tratamento da displasia de anca, é importante reiterar que não temos nenhuma prova concreta para estabelecer correlações específicas entre o desenvolvimento do quadril e do uso de portadores de bebê. Os dados existentes, no entanto, podem servir como um ponto de partida a partir do qual a realização de estudos específicos babywearing. É necessário tirar conclusões realistas e lógicas da informação que está disponível, evitando a tendência a esticar os dados que ultrapassam o âmbito para o qual foi concebido. Embora possa haver alguma discordância dentro da nossa indústria sobre o que tipos de conclusões são baseadas em evidências, podemos provavelmente concordar com o fato de que seria extremamente benéfico para a nossa indústria para preencher a lacuna de pesquisa com estudos específicos de babywearing.

O que sabemos:

  • Saúde dos quadris é importante;
  • Nem todos os bebês nascem com quadril saudável;
  • Rastreio adequado do quadril é importante.

O que não sabemos:

  • Como o tipo de suporte e posicionamento impacta e / ou promove a saúde do quadril a longo prazo;
  • O que é o "posicionamento abaixo do ideal" e qual o seu impacto nos quadris saudáveis ​​e nos quadris que precisam de correção;
  • Como babywearing pode ser usado efetivamente como uma intervenção para limítrofe displasia da anca e quais são as melhores práticas para a aplicação.

Vínculo, apego, e Método Canguru


A questão do vínculo é, talvez, uma das áreas mais desenvolvidas de pesquisa que pode se correlacionar com a prática de babywearing, e esta categoria possui alguns dos poucos estudos específicos de babywearing disponíveis. Embora existam definições variadas de apego, Bowlby e Ainsworth dizem:

"Um laço afetivo que uma pessoa ou animal forma entre ele e outro animal específico - um laço que os une no espaço e perdura ao longo do tempo (Ainsworth 1967). A dimensão da relação cuidador-bebê que envolve a proteção e regulamentação de segurança. Dentro deste quadro teórico, o apego é conceituado como um vínculo intenso e duradouro afetiva que a criança se desenvolve com a figura da mãe, um vínculo que é biologicamente enraizado na função de proteção do perigo" (Bowlby, 1982).

A pesquisa da Teoria do Apego fornece um quadro teórico que serve como uma base sólida para a eficácia do babywearing promovendo o apego. Dr. Henrik Norholt da ERGObaby ilustra esta correlação dentro de seu artigo no blog Does Infant Carrying Promote Attachment, no qual ele analisa estudos específicos de apego que destacam o potencial para a prática de babywearing para promover o vinculo.

Os benefícios do babywearing em relação à facilitação de apego e vínculo também são destaque na Hold Me Close: Encouraging Essential Mother/Baby Physical Contact. Dentro desse texto, Dr. Maria Blois fornece uma análise sobre os benefícios de braços em que exercem apego seguro, e também destaca um estudo realizado em 1990, que tentou provar a eficácia do uso de carregadores de bebê macios para promover o colo. Blois nos dá o seguinte resumo deste estudo:

"Com o entendimento de que ter acesso a um carregador macio para bebês pode facilitar o colo, um carregador macio foi fornecido especificamente para as novas mães com o intuito de estudar seu efeito. Neste estudo (Anisfeld de 1990), 49 mães de recém-nascidos foram aleatoriamente designadas para receber um carregador de bebê macio ou um assento infantil de plástico. Os indivíduos foram convidados a usar seu produto diariamente. Usando uma análise de probabilidade de transição de uma sessão de brincadeiras para crianças de 3 a 5 meses, as mães do grupo com os carregadores de bebê foram mais responsivas às vocalizações dos seus bebês. Quando as crianças tinham 13 meses de idade, a pesquisa "Strange Situation" de Ainsworth ( NT: um estudo sobre qualidade do vínculo entre mãe e bebê) foi administrada e os bebês dos carregadores macios foram mais firmemente conectados a suas mães do que os bebes do grupo de controle. Os autores concluíram que as mães que receberam os transportadores macios ao nascer foram mais responsivas a seus bebês e os bebês foram mais bem conectados a elas. (p.3)

Enquanto não há dados para apoiar a afirmação de que o babywearing pode promover o vínculo e apego, a replicação desses resultados através de estudos adicionais pode reforçar estes resultados e promover a normalização generalizada da prática. Estudos enfocando o uso de porta bebês para fortalecer a ligação com os cuidadores não-maternos, serviriam para destacar a eficácia do fortalecimento dos laços familiares ou a promoção das ligações  adotivas também.

Dentro da mesma linha do apego e vínculo, os conhecidos benefícios do Método Canguru estão correlacionados com a prática de babywearing. O método canguru é a prática de aplicar contato pele a pele com crianças que, de acordo com a March of Dimes, podem colher benefícios como regulação eficaz da temperatura infantil, amamentação mais bem sucedida, promoção do vínculo e confiança materna. Blois busca correlacionar a utilidade de carregadores de bebê, afirmando "Dados os muitos benefícios de contato físico entre mãe e bebê, parece razoável incentivar a prática essencial do contato pele a pele, nos braços, segurando, e usando um carregador macio, como uma questão de disciplina no cuidado de bebês novos (tanto prematuro e a termo) e seus pais ". (p.6) A indústria de babywearing parece abraçar a noção de que portadores de bebê podem ajudar a apoiar o método canguru, como demonstrado através do desenvolvimento de camisas de cuidado canguru, que imitam posicionamento do carregador de bebê. Algumas evidências mostram a utilidade do babywearing e canguru específica dentro da comunidade babywearing têm sido citados tambem, como essas experiências documentadas por um pai de dois bebês prematuros. Tal evidência anedótica é útil como um recurso para educadores de babywearing e aqueles que desejam slingar seus bebês prematuros com segurança. Enquanto as experiências documentadas de aqueles que usaram babywearing como um método de alcançar posição canguru podem servir como um excelente ponto de partida, é importante notar que não existem quaisquer estudos existentes para ilustrar a eficácia da utilização de carregadores de bebê para facilitar o método canguru, especialmente com crianças prematuras. Esses tipos de estudos específicos são muito necessários na indústria de babywearing para que possamos determinar a eficácia e segurança do uso de carregadores de bebê na facilitação da posição canguru, especialmente com bebês prematuros; se os estudos consideram a prática efetiva, temos motivos suplementares de que para defender a utilização destas práticas como uma intervenção padrão com prematuros e recém-nascidos.


O que sabemos:

  • Babywearing tem o potencial para facilitar a apego e vínculo;
  • O método canguru tem sucesso estatisticamente mensurável, replicada como uma prática de cuidado infantil.

O que não sabemos:


  • Como o babywearing pode funcionar em uma intervenção para a dinâmica do cuidador que tem dificuldades de vínculo e apego;
  • Como pode babywearing apoiar e facilitar o método canguru;
  • Quais são os impactos e resultados do uso de babywearing como uma intervenção no âmbito dos cuidado-canguru, especialmente com bebês prematuros.

Segurança e Posicionamento

Talvez o tema mais debatido dentro da indústria de babywearing centre-se no tema da segurança, e se certas práticas representarem um risco de segurança inerente. Como um educadora em babywearing frequentemente abordo as questões relativas à segurança dos carregadores de bebê, muitas vezes eu noto alguma confusão a respeito de "ótimas" práticas versus práticas "seguras".

Certas posições ou transportadores podem ser considerada sub-ótimos, ou menos do que o ideal, mas não são seguros. O termo "inseguro" é muitas vezes usado de qualquer jeito, especialmente quando a tentativa de dissuadir uma determinada prática ou método de transporte. O tema da segurança de babywearing é abordado por organizações como a BCIA e BWI, bem como escolas e fabricantes babywearing, e geralmente gira em torno de assegurar vias aéreas abertas. Práticas básicas de segurança com o uso do carregador de bebê foram moldadas por erros de design do passado ou utilização, e são resumidas no na publicação do CPSC para carregadores infantis macios (de pano). Nossa indústria tem sido profundamente influenciada pelos dados contidos no presente relatório, uma vez que fornece-nos com os mais graves fatores de risco - principalmente perigos de cair e mortes infantis.

Este infelizes incidentes - dados de ferimentos ou morte em um bebê em um carregador - tornaram-se a base das normas de segurança da indústria atual e estabelecem as bases do desejo da nossa indústria de promover práticas que poderiam impedir lesões infantis e mortes.

Práticas ideais são aqueles que julgamos à partir de evidências ou estudos de disciplinas relacionadas, tais como os discutidos anteriormente neste artigo, mas não necessariamente afetam a segurança baseada na falta de dados sobre o que é uma ameaça de segurança. Esta é uma área em que falta pesquisa, sem quaisquer dados conclusivos, muitas afirmações de que uma posição supostamente "abaixo do ideal" pode causar danos, são feitas. Posições como "craddle carry" (carregamento berço) frequentemente recebem críticas com base no potencial de constrição das vias aéreas, mas muitas vezes há uma desconexão entre a posição assumida em um sling-saco (do tipo de transportadora responsável pela grande maioria das mortes infantis em estatísticas recolhidas pelo governo) e uma posição de berço semi-reclinada ou vertical, onde as vias respiratórias estão abertas e capazes de serem assim mantidas. Um carregador pode ser usado de forma inadequada, mas a posição de berço em si não causa ferimentos ou morte necessariamente. Deixar que o queixo do bebê descanse em seu peito, no entanto, pode prejudicar as vias aéreas e levar a asfixia posicional. Áreas como esta são em grande necessidade de mais pesquisas para moldar práticas baseadas em evidências e recomendações.

Além do mais, nos debates de posicionamento ideal, muitas vezes há a afirmação de que o posicionamento em babywearing tem o potencial de prevenir certas condições ou ajudar a alcançar os mesmos objetivos do tempo dentro do útero. Como outras áreas discutidas neste artigo, pode haver alguma pesquisa relacionada que mostre potencial para essas ações, mas ainda não existem estudos específicos de babywearing que correlacionam o posicionamento com o resultado reivindicado. No artigo de blog Talking Heads: Perspectiva de um terapeuta ocupacional em posicional Plagiocefalia e Babywearing, Sara Kift faz um argumento muito forte para o potencial do babywearing como uma intervenção para prevenção da Plagiocefalia. Uma análise exaustiva da literatura em demostram essa eficácia, no entanto, como destacado pelo artigo, não existem ainda estudos específicos de babywearing para apoiar uma reivindicação conclusiva.

Dentro da nossa indústria, nós sabemos que as práticas seguras de babywearing podem fazer a diferença entre a vida ea morte, e manter as vias respiratórias abertas em todos os momentos é fundamental. Sabemos que babywearing tem o potencial para apoiar o tratamento e prevenção de certas condições infantis, e para promover o desenvolvimento infantil. Ainda não existem dados correlacionando a prática de tais resultados. Sabemos que as práticas de babywearing seguros e posições são absolutamente necessários em todos os momentos, mas sem estudos específicos de babywearing, uma correlação conclusiva não pode ser feita entre a prática de babywearing e tratamento de condições específicas.


O que sabemos:

  • É importante garantir a integridade da via aérea com o posicionamento em babywearing;
  • É importante inspecionar o o carregador antes de usar;
  • É importante manter o rosto do bebê a vista em todos os momentos.

O que não sabemos:

  • Até onde (se existir) a posição barriga com barriga é a melhor para manter as vias respiratórias abertas? A posição berço é inerentemente insegura?
  • Quais são os benefícios relacionados ao posicionamento vertical específico e impacto sobre aspectos como o desenvolvimento do núcleo, gerenciamento de refluxo, etc?
  • Como pode o posicionamento no babywearing apoiar os esforços dos fisioterapeutas para situações de necessidades especiais?
  • Quais são os impactos do uso de babywearing como um método de prevenção ou tratamento de condições tais como a plagiocefalia e torcicolo?

Conclusão

Enquanto esse texto não tenha sido uma ampla revisão de literatura, meu objetivo era destacar o fato de que temos potencialmente mais lacunas na pesquisa relacionada à nossa indústria do que temos fatos conhecidos. Teremos todos níveis de aceitação diferentes, quando se trata de confiar e valorizar os resultados de pesquisas relacionadas. O que pode ser mais relevante para alguns, será menos para os outros. Apesar da gama de possíveis interpretações dos dados que nós temos atualmente, um tema é predominante: há uma clara falta de provas específicas da pratica de babywearing. Isso pode ser insignificante para alguns, mas parece altamente relevante para mim como pesquisadora. Até que tenhamos a oportunidade de provar o que nós pensamos ser verdade como educadores em babywearing, é prejudicial fazer afirmações concretas sobre as melhores práticas, e nossas respostas a temas como esses deveriam refletir o nível e a qualidade da evidência que temos disponível neste momento.

O que devemos dizer quando alguém pergunta se os carregadores de base estreitas irá prejudicar seu bebê? Essa resposta vai depender do nível de evidência anedótica de que dispõe, as suas crenças pessoais sobre a relevância e peso da investigação que temos disponíveis, e seu nível de experiência com análise de pesquisa.

Apesar do nosso espectro de experiências que influenciam nossas crenças sobre este tema, há uma verdade conhecida: nós não possuímos uma investigação específica de babywearing suficiente para fazer afirmações concretas em muitos aspectos. Nós não temos os que provam que os carregadores estreitos serão prejudiciais em um grau estatisticamente significativo. Nós temos dados para mostrar a importância da saúde do quadril e necessidade de rastreio precoce.


Minha preocupação com esses tipos de perguntas e as respostas que muitas vezes são jogados por ai, é que eles refletem uma falta de disponibilidade de informações e pesquisas específicas da indústria. É de suma importância que o público em geral tenha acesso à informações de alta qualidade, em vez de informações difundidas por um diz-que-me-disse. Na parte 3 desta série, vou destacar os esforços dentro da nossa indústria em aumentar a quantidade de pesquisas relevantes disponíveis para o público em geral e medidas a serem tomadas para suprir essas lacunas de investigação que afligem nossa indústria.

Fonte: Parents and the City

3 de setembro de 2015

Estudos sobre Babywearing - Mal entendidos comuns: Parte 1

Post Original de Babywearing International
Em tradução livre pela Sampa Sling

O post de hoje é da Steffany Kerr, uma expert em Babywearing pela Babywearing International de O'ahu . Steffany tem foco em examinar métodos de uso de carregadores com populações de alto risco e consultoria em babywearing como uma intervenção de bem-estar social.


Como uma educadora de babywearing, muitas vezes eu encontro desinformação ou perguntas sobre pesquisas e estudos na prática de babywearing. Muitas destas questões estão centradas em desenvolver debates sobre as melhores práticas. Durante estes debates, os artigos são citados sem pensar muito sobre se a informação apresentada é de fato relevante para o tema em questão, ou se o conteúdo é confiável, válido e/ou estatisticamente significativo o suficiente para justificar recomendações conclusivas. Além disso, muitas vezes há a suposição de que mais pesquisas e estudos do que sabemos estão disponíveis. Através do meu trabalho como educadora de babywearing com foco no aumento da quantidade e qualidade de estudos estatisticamente relevantes, revisados ​​por pessoas confiáveis e específicas de babywearing, eu gasto muito tempo tentando esclarecer equívocos sobre essas pesquisas e estudos. E o que podemos deduzir à partir da informação que está atualmente disponível. Nesta série de três partes, eu vou identificar alguns equívocos comuns, esclarecer que tipo de informação está disponível no momento, e ilustrar os esforços que a indústria está tomando para aumentar a quantidade de pesquisas e estudos específicos de babywearing.



Antes de me aprofundar no conteúdo específico de cada estudo, em primeiro lugar gostaria de abordar equívocos comuns: credibilidade de fontes e como mitos sobre um tema podem nos impedir de avançar para criar uma base sólida de evidência para apoiar nossas ações. Para discutir mitos associados com a pesquisa dentro da indústria de babywearing, é importante entender como o ato de pesquisar é definido. Tal como referido por Cresswell (2002):

“Pesquisar é um processo cíclico em etapas, que normalmente começa com a identificação de um problema ou assunto temático. Em seguida, ela envolve a revisão da literatura, a especificação de um propósito para de estudo, coletânea e análise de dados, e formação de uma interpretação da informação. Este processo culmina em um relatório, divulgado para o público, que é avaliado e usado na comunidade educativa.” (p.8).

Com um entendimento comum sobre o que é uma pesquisa, agora podemos determinar como mal-entendidos no processo e nas informações resultantes podem afetar negativamente nossa indústria e nossos objetivos comuns de aumentar a qualidade e a quantidade desses estudos.

Mal-entendidos comuns

"Este Blog diz ..."

Em 2015 parece que grande parte da nossa informação resulta de pontos de vista vindos do Facebook, Twitter e Pinterest. 

As fontes de informação como o Huffington Post tomaram precedência como principal fonte de notícias e artigos de blog servem como um recurso de aprendizagem predominante. O que muitos não percebem é que qualquer um pode julgar-se uma autoridade e escrever um artigo no blog com base em sua opinião, e que não importa o quão bem embalada a informação seja, o conteúdo não é sempre apoiado por provas além das experiências do autor. 

Dado que eu estou escrevendo este artigo no blog, eu acredito que esta plataforma pode ser uma forma altamente eficaz para espalhar a informação. Sem um sistema de veto, no entanto, a desinformação se espalha facilmente. Artigos de blog são muitas vezes tomadas por fato, em vez de por aquilo que são: artigos de opinião. Artigos de blog pode apresentar e citar pesquisa, no entanto posts de blogs não são pesquisas. Eles não são artigos científicos, revisados por quem entende do assunto. Eles não foram publicados em revistas acadêmicas, nem revisados ​​por especialistas da disciplina. Muitas vezes, eles não são um resultado da investigação científica. Posts em blogs podem conter muita informação útil e correta, e eles podem até mesmo resumir e destacar os estudos que são relevantes para uma disciplina específica, mas eles não são as pesquisas em si. É importante compreender esta distinção, para que possamos avaliar corretamente o quanto de peso uma artigo deve transportar.


"Alguém deveria fazer um estudo !!!"


Este é um dos meus equívocos comuns favoritos sobre as pesquisas em Babywearing: quando um entusiasta bem-intencionado afirma que alguém deve apenas realizar um estudo. 

Se fosse tão simples como fazer esta declaração, estaríamos enterrados sob uma avalanche de pesquisas. A realidade é que a realização de verdadeiros estudos, estatisticamente significativos é muito desafiadora, cara e demorada. 

Vamos fingir que você é um pesquisador. Antes de qualquer pesquisa começar, você deve projetar um estudo de qualidade que vai resultar em dados úteis. A fim de lançar um estudo, você deve primeiro ser bem conhecido e experiente o suficiente para obter aprovação do Institutional Review Board (IRB), o que garante que o estudo está sendo conduzido de forma ética e não colocando quaisquer indivíduos em risco. Normalmente, você deve ser associado com uma instituição acadêmica ou grande instituição de pesquisa, a fim de obter a aprovação do IRB. Em seguida, você tem que obter financiamento para o estudo, que requer grandes quantidades de tempo dedicados a aplicação de subvenções ou solicitar financiamento privado. Se você é capaz de levantar os fundos necessários, então você vai precisar encontrar pessoas para esse estudo, além de um mecanismo ou equipamento (se necessário), e ter o tempo para se dedicar à realização do estudo. Então, você deve adequadamente analisar e interpretar os resultados do estudo, que requer habilidade e análise de software. 

Você pode realizar estudos sem qualquer uma dessas etapas? Pode! Mas ele pode não resultar em dados suficientes para chegar na etapa final da pesquisa, uma pequena publicação. Para demonstrar que a pesquisa que você realizou adere aos padrões de qualidade e é relevante o suficiente para ser levada a sério por outros pesquisadores, você deve enviar a sua investigação para uma variedade de revistas acadêmicas. 

Este pode ser um desafio para a indústria de práticas de babywearing e educação, porque outras disciplinas não necessariamente reconhecem babywearing como uma prática digna de atenção de pesquisa. Percorremos um longo caminho para espalhar a consciência de babywearing nos últimos anos, no entanto, ainda não somos considerados uma indústria profissionalizada. Como resultado, muitos de nossos pesquisadores atuais luta para conseguir seu trabalho publicado.

Há progressos realizados nesta área, que serão destacados na Parte 3 desta série. Meu ponto em discutir este equívoco comum sobre a investigação agora é para ilustrar que é bastante complicado, demorado, e pode ser caro conduzir o tipo de estudos que precisamos para fornecer uma base sólida de informação sobre nossas práticas como babywearers e educadores de babywearing.


"Este estudo / Fonte diz ..."


Sendo uma indústria que não tem um número substancial de estudos específicos de prática, descobrimos que um peso desproporcional é muitas vezes atribuído aos poucos dados que nós temos, mesmo se esses dados vem de um estudo que não aplicou metodologias adequadas ou não tem resultados conclusivos. 

Nós todos temos que começar por algum lado e trabalhar com o que temos, mas é contraproducente para a nossa indústria tirar conclusões mais fortes a partir de um estudo do que de seus resultados. 

Um exemplo comum disso é o International Hip Dysplasia Institute’s Educational Statement do Instituto de Displasia que é frequentemente citado como uma importante fonte de informações sobre posicionamento. Enquanto esta informação é relevante, pode ser enganosa. A declaração do IDHAD não é baseada em qualquer estudo de babywearing real e específico, e sim ele se baseia em provas de disciplinas relacionadas. 

A relevância dos recursos desses estudos serão revistos na Parte 2 desta série de textos, mas é importante ressaltar que uma fonte e / ou um estudo por si só não é suficiente para determinar as melhores práticas. Será necessário realizar estudos específicos em babywearing e esperamos replicar os resultados antes de determinar conclusivamente as melhores práticas. Nesse meio tempo, é necessário recorrer às disciplinas relacionadas e tomar esses estudos relacionados, reconhecendo que eles podem não fornecer-nos a quantidade de evidências de que precisamos.

Babywearing continua a ganhar popularidade, e junto com atenção da mídia vem o aumento de fontes. Como alguém que gasta muito tempo lidando com conceitos errados sobre a pesquisa entre colegas educadores de babywearing e na população em geral, eu sinto a necessidade de abordar estes mitos para que possamos estar juntos como uma indústria, bem informada sobre os nossos atuais obstáculos e metas para a continuidade da profissionalização. Huck (2008) afirma: 

"Os leitores de pesquisas deve estar atentos para reclamações injustificadas de validade e para os casos em que a questão da validade não sequer abordada." (94). 

Ser capaz de analisar completamente a credibilidade de nossas fontes e avaliar a qualidade e relevância irá inerentemente aumentar a nossa capacidade para promover práticas baseadas em evidências. Identificar equívocos comuns sobre a informação que temos disponível dentro da indústria de babywearing nos permite determinar métodos eficazes para avançar com a criação de uma base de investigação mais específica no futuro.


6 de julho de 2015

A idéia não é sua! Apropriação Cultural na Comunidade do Nascimento

O artigo de hoje nos trouxe uma poderosa reflexão sobre o cuidado constante com as origens do Babywearing e outras práticas de apego, tão comumente apropriadas pela cultura branca mercantilista, à exemplo do que acontece nas esferas do parto e amamentação. Aamina é Doula, artista e poeta, de origem indígena-americana, que tem como objetivo transformar as doulas mais acessíveis para as comunidades marginalizadas como as mulheres negras, lésbicas/gays, transgênero e famíias queer.

Leia o relato dela sobre a apropriação cultural do uso do Sling e reflita conosco!
As imagens ilustrativas são parte da pesquisa que fizemos para essa postagem e contam com os devidos créditos. 

***
Em livre tradução pela Sampa Sling

Estudei todos os livros que pude encontrar sobre o parto e parentalidade na minha biblioteca local quando eu estava grávida pela terceira vez. Era a minha primeira gravidez viável, 19 anos atrás. Eu era uma jovem de raça mista e meu parceiro um jovem nativo, mas eu tinha sido adotada e criada por uma família branca. Saber que eu estava à caminho de ser uma mãe com tão pouca conexão com a minha cultura me deixou ansiosa para aprender sobre de onde eu realmente vim.

As opções de livros da biblioteca eram bastante limitadas, por isso provavelmente foi um milagre que eu tenha descoberto um pouco sobre babywearing. Eu nem sequer imaginava que ainda existem mulheres nativas que usam ''cradleboards'' tradicionais, então eu comprei um carregador frontal do tipo que não existe mais. Quando meu filho tinha três dias de idade, eu usava-o no ônibus para sua primeira consulta no pediatra. Descobri que o carregar dessa forma era uma prática de empoderamento. Ele ajudou a mantê-lo calmo, e manteve as minhas mãos livres para escrever longas cartas para o pai dele, para lavar a roupa, e para ser capaz de fazer as coisas que eu precisava fazer.

Apache "cradleboard"- 1914 : fonte da imagem

Somente cerca de sete anos mais tarde, quando eu tinha um parceiro da Nicarágua, que eu tive a oportunidade de ver as mães da América Central que vestem seus bebês em suas costas em cobertores. Nos últimos 10 anos, graças à internet, tenho visto um ressurgimento da informação acessível sobre babywearing. Infelizmente, a maioria das informações é de marketing: e voltada para as mulheres brancas da classe média, muitas vezes com pontos de venda sobre este grande fenômeno "novo" e exigindo engenhocas caras, enquanto desconsidera as comunidades não brancas em que babywearing tem sido o normal desde o início dos tempos. 

Isto é evidente quando percebemos a falta de famílias negras na maioria das campanhas de marketing e até mesmo de mídia social. Quatro anos atrás eu comecei um Tumblr dedicado a apenas mostrar pessoas não brancas slingando, e era difícil encontrar fotos para postar (o que, desde então, melhorou um pouco). Esse tumblr também foi recebido com raiva por mulheres brancas, que diziam que não havia necessidade de um blog só para as famílias não brancas, e que era "excludente". Eles pareciam não enxergar a ironia desse termo.

Mãe e bebê na Guatemala: fonte da imagem
Kanga & Kitenge: Babywearing na África. Fonte da Imagem

Mãe e bebê Hmong: fonte da imagem

Do Quiche Maya da Guatemala ate o Zulu da África do Sul, para os Hmong das montanhas da Ásia, o babywearing sempre existiu e foi mantido por muitas mulheres, apesar da colonização e demandas para assimilar as normas européias / norteamericanas que subsumem nossas culturas tradicionais. Como a história do babywearing, a tradição de slingar a barriga também tem sido marginalizada por muitas pessoas, e ainda assim eu não sabia nada sobre isso. Somente no último verão eu fui ensinada como parte da minha formação de doula pelo ''International Center of Tradicional Chilbearing" como usar o envoltório de barriga (belly-binding) durante a gravidez para a sustentação, e após a gravidez como alternativa à cinta. De repente, muitos dos estilos de roupas tradicionais que incorporam lenços elaborados nos quadris ou envolvidos em torno da cintura no Nepal, Tibet, Egito, minha própria tribo, e outras culturas fazem novo sentido.

Imagine minha surpresa, encontrar este artigo no Mothering.com sendo amplamente compartilhado em mídia social por parteiras brancas que eu imaginava que fossem melhor informadas. A autora, uma mulher branca, diz que ela "descobriu" embrulhar a barriga como um instrumento de apoio a sua pélvis durante sua segunda gravidez. Enquanto slingar o bebê tornou-se mais comum, slingar a barriga ainda é uma maravilha a ser descobreta pelas mulheres brancas, mas como babywearing, as mulheres brancas têm felizmente aproveitado a ocasião para "ensinar" essas habilidades. Por alguma razão, elas se sentem compelidas a oferecer workshops com nomes exóticos que soam como "O uso do Rebozo Mexicano" e "Amarração Africana de Barriga" para fazer com que senhoras brancas se interessem. Não estou sugerindo que as mulheres brancas não deve praticar apoio / sling de barriga e babywearing. Os benefícios de ambos são tão grandes que eles devem ser amplamente conhecidos e praticados.

Fonte da Imagem

O que me trás desconforto são mulheres brancas escrevendo artigos onde dizem que "descobriram" essas técnicas e falam como autoridades do assunto sem nunca dar crédito à história e verdade cultural destas técnicas. Dar crédito significa muito mais do que usar uma palavra "estrangeira" e uma impressão "étnica" bonita em seu site e folhetos. Significa, também, um aprofundamento maior do que referenciar as práticas "típicas" de uma ou duas culturas que não têm nenhuma conexão significativa com elas. Eu tenho um problema com mulheres brancas oferecendo workshops, e sendo pagas para fazê-lo, para introduzir outras mulheres, predominantemente brancas a estas técnicas sem questionar por que elas acham que são as especialistas no assunto, por que elas estão ensinando as mulheres, predominantemente brancas , o quão apropriadoras elas estão sendo, e como integrar mais profundamente o crédito dessa cultura onde devido, com uma compreensão adequada da história e significados culturais de tais práticas em comunidades não-brancas. É um problema para mim quando eu tento compartilhar o conhecimento de minhas próprias culturas com mulheres marginalizadas que procuram essa ligação cultural, sou atravessada por mulheres brancas que foram a um treinamento ou leram um livro, mas nunca realmente trabalharam com alguém da minha cultura.

Os pais não brancos muitas vezes falam sobre como encontramos duas reações comuns quando fazemos as coisas que temos recuperado como parte do processo de  conexão com as nossas próprias culturas. Ou as pessoas nos dizem que somos "atrasados" e que essas coisas são "primitivas"; nos dizem que hoje há ciência (porque o que os nossos antepassados , obviamente, não se basearam em qualquer ciência) e novas teorias e etc. Ou eles exotizam as nossas práticas culturais e querem ouvir tudo sobre isso e, se estamos abertos a compartilhar, eles de repente se tornam "especialistas" sobre o assunto e pouco depois os encontramos ensinando ou escrevendo artigos desagradáveis ​​tais como os que estou linkando nesse texto. Muito parecido com outros métodos de "mater/paternagem naturais" que se tornaram populares de novo em culturas brancas, há pouca reflexão de como a colonização tentou desesperadamente separar as famílias não brancas da amamentação, babywearing, e outros métodos de cura tradicionais. Parteiras e doulas passam a ser associadas a uma classe de privilégio, muitas vezes completamente inacessíveis às comunidades mais marginalizadas que seriam realmente beneficiadas com mais acesso a esses profissionais. Parto domiciliar é dado como algo que uma família branca pode escolher, mas as famílias não brancas são agora forçadas a aceitar procedimentos médicos invasivos sob a ameaça de ter seus filhos retirados da casa com acusações de negligência médica.

Vale a pena notar que as formas tradicionais de babywearing e de suporte de barriga não exigiam possuir vários  wraps ou slings de US$50 a US$200. Tudo o que precisa é um lenço longo, pedaço de tecido, ou cobertores. Pode-se argumentar que era apenas uma questão de tempo antes que os wraps fossem comercializados, e que o marketing de wraps está respondendo a uma demanda. Por outro lado, gostaria de sugerir que essa comercialização é exatamente o que faz com que essas opções pareçam "não para você" para muitos pais pobres não brancos para quem tal despesa simplesmente não é realista. Em vez de ensinar que o suporte da barriga o e babywearing pode ser feito com um produto, e mostrando como qualquer lenço de um determinado tamanho pode ser funcional, comercialização sugere que babywearing é complexo e caro. Para as mulheres pobres e não-brancas que estão também mais sujeitas a acusações de cuidados negligentes, a questão da segurança também é muito real. Os comerciantes são rápidos em sugerir que os transportadores são necessários para a segurança, à despeito do fato de que as mulheres de todo o mundo continuam a usar seus bebês com um bom lenço de algodão, e sem problemas. Não é sobre o tipo ou o custo de seu sling, é sobre estar bem informado sobre como usá-lo de forma segura. O acesso ao conhecimento tradicional dos nossos antepassados ​​e apoio a reconhecer que a sabedoria e a metodologia é um ingrediente-chave em falta porque foi apropriado por mulheres brancas que não conseguem fazer divulgação para as comunidades de onde roubaram as tradições.

Nós todos queremos o que é melhor para os nossos bebês. Como doula, eu digo às famílias que a coisa mais importante é que eles tenham todas as informações necessárias que lhes permitam fazer escolhas educadas e conscientes sobre o que é melhor para sua própria situação e necessidade. Isso é verdadeiro independentemente da sua cultura ou etnia - conhecer as opções  é inestimável. Infelizmente, existe uma real disparidade no acesso a essa informação, e a falta de apoio culturalmente competente, para muitas famílias não brancas. Quando as mulheres brancas levam o crédito por descobrir as nossas tradições, isso que desonra a nossa história e as nossas culturas, enquanto retém o apoio que essas tradições representam para aqueles que as vêem como uma forma valiosa de acessar nossos próprios poderes ancestrais. Apropriação não é um ato inocente. Isso nos dói economicamente, em disparidade de saúde, em comportamentos micro-agressivos que eu diria não são micro coisa alguma, mas sim contribuem diretamente para a continuidade dos sistemas de marginalização.

http://aaminahshakur.tumblr.com/post/102993343505/not-your-idea-how-to-avoid-cultural-appropriation